sexta-feira, 29 de outubro de 2010

STJ aceita pedido para federalizar processo

STJ aceita pedido para federalizar processo


O processo sobre o assassinato do advogado e defensor dos direitos humanos Manoel Mattos, assassinado em 2009 na Paraíba, foi o primeiro a ser federalizado no país. Por 5 votos a 2, os ministros da 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiram ontem que a apuração do crime e do envolvimento dos cinco suspeitos deve ocorrer na Justiça Federal da Paraíba. É a primeira vez que o instituto do deslocamento, criado pela Emenda Constitucional nº 45, é aplicado.

"A decisão de hoje do STJ, pela federalização do caso Manoel Mattos, é histórica. É uma conquista para os Direitos Humanos no país e um passo fundamental para fazer prevalecer a justiça em vez da impunidade ", avaliou o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que preside o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH). O CDDPH acompanha o caso desde o início e propôs o Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) ou federalização do caso. Liderada pelo ministro, a comissão especial do Conselho instituída para tratar do caso esteve nos estados da Paraíba e Pernambuco em agosto passado.

Manoel Mattos foi executado a tiros em 24 de janeiro de 2009, no litoral paraibano. Advogado e militante dos Direitos Humanos, ele denunciou a atuação de grupos de extermínio nos estados de Pernambuco e Paraíba. Com a decisão do STJ, deve acelerar a apuração e punição dos responsáveis pelo crime.

A sessão do STJ foi acompanhada pelo vice-presidente do Conselho, Percílio Sousa, pelo diretor de Defesa dos Direitos Humanos da SDH, Fernando Matos, e pela coordenadora-geral do CDDPH, Juliana Miranda.

Emocionada, Nair Ávila dos Anjos, mãe de Manoel Mattos, acredita que com a federalização será feita uma investigação detalhada e isenta. “Creio que agora será feita Justiça para um crime tão desumano”, afirma Nair. Segundo ela, trata-se de uma vitória que teve muitos apoiadores. “Eu agradeço a todas as pessoas e organizações que apoiaram nossa família nesta batalha, inclusive o nosso presidente Lula e o ministro Vannuchi”, declarou logo após a decisão do STJ.

O conselheiro do CDDPH, o jurista Dalmo Dallari, avalia que a decisão do STJ é extremamente importante porque a própria criação da Polícia Federal teve como um dos objetivos garantir investigações de casos como este de forma isenta. “As oligarquias locais dominam as mais diversas áreas e a federalização ganha uma importância excepcional”, avaliou. Na opinião de Dallari, a decisão não significa a condenação prévia dos acusados. “A certeza agora é que está assegurada uma investigação independente e imparcial”, finalizou.

A relatora do caso dentro do CDDPH, a procuradora Ivana Farina, que representa o Conselho Nacional dos Procuradores Gerais do Ministério Público dos Estados e da União, avalia que o julgamento acabou sendo uma resposta do Estado brasileiro por meio do Poder Judiciário a uma situação inconciliável de impunidade e violação dos Direitos Humanos estabelecida na divisa dos estados de Pernambuco com a Paraíba.

“A situação é excepcional e justamente dentro desta excepcionalidade que o Estado deve dar andamento ao processo, agora na Justiça Federal, e finalmente responsabilizar todos os envolvidos na execução de Manoel Mattos”, disse ela.

Para o vice-presidente do CDDPH, Percílio de Souza trata-se de uma vitória do CDDPH, dos Direitos Humanos e da Justiça brasileira. “Todos se mobilizaram por entender que as investigações estaduais não estavam sendo realizadas a contento, fazendo valer a cláusula que prevê a federalização para crimes contra defensores de direitos humanos”, avaliou.

“A decisão de federalizar todos os casos relacionados ao assassinato de Manoel Mattos, que também ficarão a cargo da Justiça Federal da Paraíba, é muito importante porque amplia a foco das investigações e favorecerá o combate da impunidade na região”, avalia o diretor de Defesa dos Direitos Humanos da SDH, Fernando Matos.

"Esse é um caso em que se percebe com clareza e eficiência a aplicação do princípio republicano da separação dos poderes, harmônicos. Em 2004, o Legislativo brasileiro aprovou a Emenda Constitucional 45, que faz nascer a Reforma do Judiciário, bem como o Incidente de Deslocamento de Competência – IDC", afirma Juliana Miranda, coordenadora-geral do CDDPH. Ela conta que o Executivo, por meio da SDH, Ministério da Justiça e o CDDPH, provocaram o procurador geral da República a pedir o Deslocamento e monitoraram todo o processo até o seu último instante. "O Judiciário hoje confirma a importância dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos e esses valores na ordem nacional, quando transfere para a Justiça Federal um caso de grande violação de direitos humanos e de repercussão internacional”, avalia Juliana.

Sentença - A ministra Laurita Vaz, relatora, acolheu algumas propostas de alteração do voto, para melhor definição do alcance do deslocamento. Entre as principais, está a alteração da Seção Judiciária a que seria atribuída a competência. Inicialmente, a relatora propôs que a competência se deslocasse para a Justiça Federal de Pernambuco, mas prevaleceu o entendimento de que o caso deveria ser processado pela Justiça Federal competente para o local do fato principal, isto é, o homicídio de Manoel Mattos.

Esta foi a segunda vez que o STJ analisou pedido de deslocamento de competência, possibilidade criada pela Emenda Constitucional nº 45/2004 (reforma do Judiciário), para hipóteses de grave violação de direitos humanos. O IDC 1 tratou do caso da missionária Dorothy Stang, assassinada no Pará, em 2005. Naquela ocasião, o pedido de deslocamento foi negado pelo STJ.

Manoel Bezerra de Mattos Neto era advogado, foi ex-vereador e defensor de Direitos Humanos, membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Pernambuco, dirigente do Movimento Nacional de Direitos Humanos e do Partido dos Trabalhadores. Desde o ano de 2000, em diversas as oportunidades, o Estado Brasileiro tem notícias da existência e atuação de grupos de extermínio, que seriam compostos por particulares e agentes estatais (policiais militares, policiais civis, agentes penitenciários), e que atuam na divisa entre os estados da Paraíba e de Pernambuco. Manoel Mattos era um dos que denunciavam amplamente os crimes desses grupos às autoridades estaduais, federais e Comissões Parlamentares de Inquérito, pelo que passou a ser perseguido e ameaçado de morte. Em 24 de janeiro de 2009, Manoel Bezerra de Mattos Neto foi assassinado no litoral paraibano.

No dia 23 de junho de 2009, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, requereu ao Superior Tribunal de Justiça a instauração do Incidente de Deslocamento de Competência - IDC, para transferir para a Justiça Federal a investigação, o processo e julgamento do homicídio de Manoel Mattos, bem como da apuração e repressão aos grupos de extermínio atuantes na divisa dos estados da Paraíba e de Pernambuco em toda sua dimensão, inclusive dos feitos instaurados e arquivados, e dos fatos ainda não objeto de qualquer investigação ou ação penal.



FONTES: http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2441273/stj-aceita-pedido-para-federalizar-processo e http://www.direitoshumanos.gov.br/2010/10/27-out-2010-superior-tribunal-de-justica-decide-pela-federalizacao-do-caso-manoel-mattos

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NOTA:
Parabéns aos Ministros da 3ª Seção do superior Tribunal de Justiça! Que este exemplo de esmero e empenho pela concretude da Justiça seja seguida por todos os outros magistrados deste nosso imenso e nobre Brasil!

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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pataxó hã hã hãe pedem paz no sul da Bahia, Polícia Federal promove desarmamento

Pataxó hã hã hãe pedem paz no sul da Bahia, Polícia Federal promove desarmamento

Uma equipe da Funai de Brasília se reuniu, nesta quarta-feira (27), com lideranças indígenas e agentes da Polícia Federal, em Ilhéus (BA), para definir ações pacificadoras para o sul da Bahia. A região tem sido palco de conflitos desde o início de outubro, depois que cerca de 350 índios Pataxó hã hã hãe ocuparam seis fazendas instaladas em terras originalmente indígenas, no município de Pau Brasil. Os conflitos culminaram com o assassinato do índio José Jesus da Silva, da aldeia caramuru-paraguaçu, em frente à Fazenda Bela Vista.

O ouvidor da Funai, Paulo Celso de Oliveira, que participou da reunião, ouviu os relatos dos indígenas sobre o acontecido. As lideranças presentes – 8 índios, sendo caciques e membros da comunidade - concordaram com a intervenção da Polícia Federal para promover o desarmamento e garantir a paz. Eles solicitam, no entanto, que a Funai acompanhe a ação.

Entenda a questão

A área do conflito está destinada aos indígenas desde o início do século passado. A Lei estadual 1916, de 9 de agosto de 1926, foi assinada pelo então governador da Bahia, Francisco Marques de Góes Calmon, autorizando o governo a reservar uma área de “50 légoas quadradas de terras em florestas geraes e acatingadas destinadas a conservação das essencias florestas e gozo dos índios tupinambas, patachóos ou outros ali habitantes”. A demarcação foi feita em 1937 pelo Ministério da Guerra, com redução da área para os atuais 54.105 hectares.

Nos anos 60 e 70, muitos índios que estavam nessa área se afastaram das terras para tentar a vida em outras regiões do Brasil. Com a saída dos índios, o governo arrendou terras para fazendeiros e distribuiu títulos imobiliários. Quando os povos quiseram retornar a sua terra, em 1982, a Funai delimitou a área originalmente demarcada - com 54.105 hectares, abrangendo os municípios de Camacan, Itaju do Colônia, Pau Brasil - e indenizou os fazendeiros que concordaram em se retirar, mas alguns não aceitaram e permaneceram no local. Os processos pela posse das terras correm desde 1983 no Supremo Tribunal Federal (STF), sem uma solução até hoje.

No início deste mês, os Pataxó hã hã hãe ocuparam seis fazendas que estão dentro da área demarcada, com a intenção de pressionar um desfecho para o processo sobre a propriedade das terras. Eles pedem a nulidade dos títulos de propriedade dados aos fazendeiros.

FONTE: http://www.funai.gov.br

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NOTA: Os índios pedem a nulidade dos titulos dados aos fazendeiros. Nada mais justo do que isso pois eles, os indígenas, já haviam recebido tais terras através da A Lei estadual 1916, de 9 de agosto de 1926 a qual foi demarcada em 1937 pelo Ministério da Guerra, com redução da área para os atuais 54.105 hectares.
O que estes fazendeiros estão querendo, na realidade, é usurpar o direito dos povos indígenas que é garantido pela Constituição Federal de 1988, pelo Estatuto do Índio,Pelo Decreto 7.056 (Reestruturação da Funai) e pela Lei Estadual acima citada!
Que o Supremo Tribunal Federal faça justiça! Chega de demoras!

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PF MONTA OPERAÇÃO PARA EVITAR CONFLITO DE ÍNDIOS E AGRICULTORES NA BA

PF MONTA OPERAÇÃO PARA EVITAR CONFLITO DE ÍNDIOS E AGRICULTORES NA BA

Glauco Araújo Do G1, em São Paulo

A Polícia Federal (PF) prepara uma missão na cidade de Pau Brasil (BA), a partir desta quinta-feira (27), para evitar conflitos entre índios da tribo pataxó hã hã hãe e produtores rurais da região. A ação foi montada depois do início da investigação do assassinato do índio José Jesus da Silva, 37 anos, no domingo (24), perto da aldeia caramuru-paraguaçu. Segundo testemunhas, ele teria sido morto em uma emboscada.
saiba mais

Uma equipe da superintendência da PF de Ilhéus (BA) foi ao local e identificou o risco de conflitos entre índios e agricultores por conta de questões de terra. A Fundação Nacional do Índio (Funai), em Ilhéus, informou ao G1 que há uma tensão evidente entre os indígenas, que teriam ficado revoltados com a morte de Silva. Os ânimos estão exaltados e a situação é considerada de risco. Cerca de 3 mil indígenas vivem na região.

Segundo Denise Dias de Oliveira Cavalcanti, delegada da superintendência regional da PF, os índios invadiram pelo menos seis fazendas na região de Pau Brasil desde o começo deste mês. ´´A morte do índio foi o primeiro relato de violência na região que recebi desde que as terras foram ocupadas pelos indígenas.´´

O delegado Fábio Marques, da PF em Ilhéus, disse que o recrutamento de agentes e delegados federais para participar da operação já começou. ´´Eles virão de outros estados para atuar em Pau Brasil. Nosso objetivo é encontrar armas, evitar confrontos, reforçar o policiamento, mas principalmente desarmar a população. Em nossas investigações, tivemos relatos de que ocorreram confrontos noturnos entre índios e agricultores, embora sem vítimas. A morte do índio pataxó, no domingo, reacendeu os ânimos. Todos os tiroteios ocorriam durante a noite.´´

Marques informou que nenhum confronto foi registrado depois da morte de Silva.

Conflito pela terra
Cerca de 350 índios da tribo pataxós hã hã hãe ocuparam cerca de dez fazendas no sul da Bahia, desde o começo deste mês, segundo informações da Funai. A intenção é pressionar um desfecho para um processo sobre a propriedade das terras que está no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 1983. Os índios alegam que as invasões são pacíficas, mas temem que os fazendeiros estejam mobilizando uma reação armada.

De acordo com a Funai, 54 mil hectares de terra indígena foram demarcados pelo governo na década de 1930. Cerca de 40 anos depois, um grupo de arrendatários recebeu títulos de posse do governo baiano e os índios foram retirados aos poucos da região. Nos anos 1980, eles voltaram e a Funai propôs acordos aos fazendeiros. Alguns aceitaram e foram indenizados. Os demais foram incluídos em um processo de nulidade dos títulos, que ainda segue sem decisão do STF.

FONTE: G1 ONLINE
28/10/2010
Editoria: ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Assunto: FUNAI

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NOTA:

Esperamos, e todos os cidadãos de bem de nosso amado Brasil, que as ilegalidades, abusos de poder, crimes e violência cheguem ao fim nesta já sofrida e vilipendiada região do Sul da Bahia.
Desejamos que o Supremo Tribunal Federal resolva logo esta questão.


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Índio pataxó é morto em disputa de terra no Sul da Bahia

Índio pataxó é morto em disputa de terra no Sul da Bahia

Um índio pataxó foi assassinado no Sul da Bahia no último sábado. José de Jesus Silva, de 37 anos, foi morto a tiros no município de Pau Brasil. Os índios acusam fazendeiros da região e dizem que a morte foi decorrente da disputa por terras. A Funai reconheceu o direito dos índios de tomar posse de uma área de 47 mil hectares. Os fazendeiros recorreram à Justiça.

A família do índio, da tribo Pataxó Hã Hã Hãe, informou que ele foi baleado nas costas quando voltava de uma das fazendas ocupadas pelos indígenas na região. Silva teria sido vítima de uma emboscada.

O coordenador da Funai em Pau Brasil, Wilson Jesus de Souza, disse que vai pedir abertura de inquérito pela Polícia Federal.

FONTE: http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2010/10/25/indio-pataxo-morto-tiros-no-sul-da-bahia-922856984.asp

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NOTA: Só abrir inquéritos não vai resolver o grave problema social da região.

Os culpados, sejam eles quem forem, tem que ser punidos na força da Lei.

É inadimissível o que vem acontecendo, por anos a fio, com a População Indígena no Sul da Bahia.

O Ministério da Justiça tem a obrigação de dar uma decisão definitiva sobre a questão fundiária e indígena desta região abandonada e esquecida pela Justiça Brasileira.

O coronelismo e a pistolagem tem que acabar.

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A Última Cartada



A Última Cartada



STJ retoma hoje o julgamento da federalização do assassinato de Manoel Mattos e dos crimes de grupos de extermínio na divisa entre Pernambuco e Paraíba

Por Andressa Caldas e Eduardo Fernandes



O assassinato do advogado e defensor de direitos humanos Manoel Bezerra de Mattos, em janeiro de 2009, é o ápice, a gota d’água em um histórico de denúncias sobre a atuação de redes criminosas e grupos de extermínio na divisa entre Pernambuco e Paraíba. Desde 1995 – quando o então deputado estadual Luiz Couto ouviu os primeiros relatos nos municípios de Pedras de Fogo (PB) e Itambé (PE) –, pouca coisa foi alterada na região que ficou conhecida como Fronteira do Medo. São pelo menos 15 anos sem que o Estado tenha tomado medidas efetivas para o desmantelamento destes grupos – que têm ampla participação de agentes públicos.

Nesta quarta-feira (27), será retomado o julgamento do processo de federalização do assassinato de Manoel Mattos e de outros crimes atribuídos aos grupos de extermínio. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem nas mãos aquela que pode ser a última cartada do Poder Público para enfrentar de maneira definitiva a livre atuação do crime organizado na divisa entre PE e PB. Em caso de decisão favorável dos ministros, o trabalho investigativo e o processamento judicial destes casos saem da responsabilidade das autoridades locais e passam para a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça Federal.

Juristas, intelectuais e entidades de direitos humanos vêem no julgamento desta semana um momento histórico que pode significar a consolidação em nosso ordenamento jurídico do Incidente de Deslocamento de Competência (IDC), instrumento que possibilita a federalização. Garantido na Constituição Federal desde 2004, mas até hoje nunca utilizado, o IDC prevê a federalização para casos de grave violação de direitos humanos em que haja o risco de descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais firmados pelo Brasil – pré-requisitos presentes no caso em análise.

Ação integrada de investigação

Os últimos relatos de execução sumária, os recentes atentados a testemunhas e as ameaças à mãe de Manoel Mattos, dona Nair Ávila, mostram que os grupos de extermínio continuam ativos e fortes, apesar do acompanhamento de organizações da sociedade civil, das reiteradas manifestações da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da ONU, e, principalmente, do trabalho de documentação e denúncia do próprio Manoel Mattos e de pessoas como a Promotora Rosemary Souto Maior e o deputado federal Luiz Couto (PB). Para estancar este círculo de violência e medo, é urgente que se faça uma investigação que não analise isoladamente cada crime, mas que empreenda uma ação integrada capaz de desarticular a engenharia dos grupos de extermínio, não se limitando à prisão dos executores, mas chegando a seus líderes e financiadores.

Ao envolver os órgãos federais, o IDC é um mecanismo que possibilita este olhar amplo e coordenado. No entanto, para sua plena aceitação, ainda se faz necessário desconstruir algumas críticas que surgiram de forma abstrata entre estudiosos, antes mesmo que o Incidente fosse colocado em prática – e que agora, diante de um caso concreto, se mostram infundadas.

A primeira delas se refere a eventual violação ou quebra do Pacto Federativo. O imediato reconhecimento dos governos estaduais da necessidade de federalização contradiz frontalmente esta tese. Neste caso, não apenas os governadores de Pernambuco e Paraíba se manifestaram publicamente, mas também o Presidente da República, o Ministro da Justiça e representantes de órgãos como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Secretaria de Direitos Humanos.

Em setembro, uma Carta Pública de Apoio à Federalização foi entregue ao STJ. Entre juristas e intelectuais reconhecidos, como Flávia Piovesan, Dalmo de Abreu Dallari e Frei Betto, dois nomes se destacavam como os mais significativos: Marília Falcone Gomes Locio e Rosemary Souto Maior de Almeida, respectivamente Juíza de Direito e Promotora de Justiça da Comarca de Itambé. É certo que o reconhecimento e o apoio das autoridades locais não podem se tornar pré-requisitos para a instauração do IDC, mas é evidente também que este cenário comprova que o processo de federalização não é antagônico ao Pacto Federativo. Ao contrário, o garante.

Federalização não é medida punitiva

Outra crítica inicial apontava – de novo, de forma abstrata – o Incidente de Deslocamento de Competência como uma medida negativa, de controle e punição, que retiraria de forma arbitrária a competência das autoridades locais. Seja por inércia, negligência, falta de vontade política ou de condições reais do Estado, o IDC não pode ser observado apenas por este prisma. Se por um lado, certamente há falta de independência de alguns agentes públicos para exercerem suas funções jurisdicionais, por outro, autoridades competentes se colocam em situação de extrema vulnerabilidade ao empreender esforços de investigação e processamento judicial. Neste sentido, o IDC é uma medida reparadora, que corrige incapacidades concretas do Estado, mas é também, principalmente, uma medida de caráter protetivo.

Mais uma vez, é a análise do caso concreto que nos permite extrair conclusões mais precisas. São muitos os relatos de autoridades perseguidas, intimidadas e mortas na divisa entre PE e PB. Houve casos de agentes policiais transferidos arbitrariamente e de parlamentares ameaçados. No momento em que protege a atuação, o trabalho e, principalmente, a vida e a integridade física dos agentes públicos locais, o IDC não lhes desautoriza, mas lhes fortalece. E garante, por exemplo, que a promotora Rosemary, que em dez anos corajosamente levantou mais de 200 casos de execução sumária apenas na comarca de Itambé, saia de lá somente por sua vontade, e não pela vitória e coação do crime organizado.

Com pelo menos 15 anos de atraso, o Estado brasileiro pode finalmente dar o primeiro passo para a responsabilização dos reais articuladores da morte das centenas de pessoas vítimas dos grupos de extermínio na Fronteira do Medo. Com um olho na nossa Constituição Federal e outro na realidade social do nosso país, o Superior Tribunal de Justiça tem hoje nas mãos a possibilidade real, concreta e efetiva de proteger e preservar a vida e a integridade física de outras centenas de anônimos que hoje correm risco de vida naquela região, apenas porque um grupo de pessoas (dotadas de poder político e econômico, de munição letal e da certeza que não serão responsabilizadas) decidiu que eles devem morrer. São meninos de rua, ex-presidiários, homossexuais, trabalhadores rurais, pessoas comunsque não foram citadas em manchetes de jornais ou debates eleitorais. Cidadãos brasileiros “invisíveis”, sem nomes.

Foi na defesa do direito à vida destas pessoas que Manoel dedicou sua vida profissional e pessoal. É na defesa destas pessoas, do Estado Democrático de Direito, que Rosemary Souto Maior tem dedicado e colocado em risco sua vida.

É na defesa da vida destas pessoas, do Estado Democrático de Direito e do fortalecimento das Instituições Judiciárias locais que o STJ é chamado hoje a se manifestar e a decidir.

*Andressa Caldas é mestre em Direito das Relações Sociais pela UFPR, mestre em Política Latino-Americana pela University of London e diretora executiva da Justiça Global

*Eduardo Fernandes é mestre em Ciências Jurídicas pela UFPB, membro da Comissão de Direitos Humanos da UFPB e fundador da Dignitatis Assessoria Técnica Popular.

FONTE: JUSTIÇA GLOBAL.ORG

terça-feira, 26 de outubro de 2010

OIT aguarda resposta do governo brasileiro sobre violações pela Transposição

OIT aguarda resposta do governo brasileiro sobre violações pela Transposição


Genebra, 2 de fevereiro 2010 – A ONU, a OIT e o Conselho Mundial de Igrejas receberam a delegação da “Campanha Opará - Povos Indígenas em defesa do rio São Francisco” no dia 1 de fevereiro. A OIT já pediu esclarecimentos ao governo brasileiro acerca das violações da Convenção 169 pela obra da Transposição.



A delegação Nordestina foi recebida no Palácio Wilson, das Nações Unidas. Da audiência, participaram assessores dos relatores do Alto Comissariado de Direitos Humanos, como o relator para os Direitos Humanos dos Povos Indígenas, o relator para o Direito a Água e ao Saneamento. Também o assessor do relator para direitos humanos, responsável para América Latina participou; participaram, ainda, os diretores executivos da Unidade para a Sociedade Civil, os promotores da Convenção 169 do Departamento Humano da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e outros como o coordenador do programa de monitoramento de povos isolados. Todos receberam o relatório de denuncia “Povos Indígenas do Nordeste impactados com a Transposição do rio São Francisco”.

Violências conhecidas
De fato, os representantes destas entidades internacionais já conhecem as violações dos direitos humanos decorrentes da Transposição do Rio São Francisco. As denúncias já foram apresentadas para a OIT no mês de setembro de 2008. A delegação viajou a Genebra para reforçar e atualizar essas denuncias. A comissão de expertos da OIT acompanha o caso e se pronunciou acerca das violações no mês de março 2009, pedindo esclarecimentos ao governo brasileiro até o fim de 2009. A cobrança é possível porque o Brasil assinou a Convenção 169 da OIT, comprometendo-se a respeitar os direitos humanos assegurados por esse tratado internacional. Porém, o governo Lula não deu resposta a esse pedido.

No entanto as obras avançam, em pleno território indígena, e os danos socio-ambientais se tornam irreparáveis.

Os representantes da OIT comentaram que as atuais informações apresentadas pela delegação são muito importantes.

Preocupação
O relator especial do Alto Comissariado da ONU para os direitos dos povos indígenas, James Anaya, visitou o Brasil em agosto 2008. Depois da viagem, publicou seu relatório, com recomendações para o governo brasileiro melhorar a posição dos povos indígenas. Anaya voltará em 2012 para monitorar a evolução das condições dos povos indígenas no Brasil.

Na mesma linha se expressou a alta comissária para direitos humanos, na viagem dela pelo Brasil, no mês de novembro passado. Ela salientou sua preocupação com a discriminação dos povos indígenas e os afro-descendentes no país.
Desrespeito

“O governo brasileiro não respeita a própria legislação, a Constituição Federal e os tratados internacionais como a Convenção 169 da OIT.” apontou Uilton Santos, cacique do povo Tuxà e presidente da APOINME. “O estado nega o direito a consulta previa e ao consentimento livre e informado dos povos indígenas.” Isso ocorre não só no caso da Transposição, mas com muitos projetos de desenvolvimento que o governo Lula está implantando através do PAC. “Esses projetos tem um grave impacto socio-ambiental nos territórios indígenas, influenciando as identidades indígenas, até levando ao risco de extinção os povos não contatados, ou isolados.”

Edilene Bezerra Pajeu, a Pretinha, do povo Truká, chamou atenção aos assassinatos de lideranças indígenas que lutam pelo direito à terra e à água, contra a Transposição. Esses assassinatos também já foram denunciados na sede da ONU, em 2005. Especificamente os casos de Dena e Jorge Truká, matados por 4 agente policiais que continuam impunes. “Quem não é assassinado é criminalizado pela própria justiça, vive constantemente ameaçado e responde a muitos processos. Um exemplo disto e o Cacique Neguinho. Quando foi denunciar o assassinato de Mozeni, ele acabou preso na delegacia.”

Sociedade civil
Ainda na segunda-feira, a delegação teve um encontro público com organizações da sociedade civil e ONG’s com sede em Genebra, tais como, Terrabrasilis, E-Changer, AYA, SIT e Terre des Hommes. Nesta ocasião, fez-se uma exposição sobre as violações aos direitos humanos dos povos indígenas decorrentes da transposição e de outros grandes projetos de desenvolvimento econômico em terras indígenas, a exemplo da Usina Hidroelétrica Belo Monte. Por fim, divulgou-se a petição em que é solicitado aos ministros do STF que julguem as ações judiciais pendentes relativas à Transposição.

FONTE: http://www.saofranciscovivo.com.br/node/448
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NOTA: Esperamos que o Governo Brasileiro e as autoridades cumpram o fim para o qual foram feitos Agentes Públicos: O bem comum.
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GT dos Povos Indígenas pede que governo cumpra determinações da OIT

GT dos Povos Indígenas pede que governo cumpra determinações da OIT


Tatiana Félix *

Adital -

O Grupo de Trabalho dos Povos Indígenas da Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos do Peru emitiu um pronunciamento público para protestar sobre o modo como as instituições indígenas peruanas têm sido tratadas, e, sobretudo, com a redução da funcionalidade do Instituto Nacional de Povos Andinos, Amazônicos e Afroperuanos (Indepa).

Durante muito tempo as organizações em defesa dos povos indígenas lutaram para que o Governo criasse um Órgão Público que funcionasse com autonomia para desenvolver políticas em favor da população indígena, em cumprimento ao que prevê o Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Declaração das Nações Unidas sobre Direitos dos Povos Indígenas.

Mas, apesar da demanda ter sido atendida em 2005 com a criação do Indepa, este avanço ocorreu apenas em nível formal, já que a instituição não garantiu os direitos coletivos destes povos.

O objetivo da entidade era o de fortalecer as instituições indígenas e promover a defesa, afirmação e investigação dos direitos dos povos, em respeito à sua cultura e identidade, mas, ao longo do tempo foi possível perceber a perda de força do INDEPA.

Quando foi criado em 2005, o Instituto era um órgão descentralizado da Presidência do Conselho de Ministérios, e tinha autonomia administrativa. Quase dois anos depois, o Estado transformou o INDEPA em uma sub-unidade do MIMDES, fazendo com que ele perdesse sua autonomia e seu caráter transetorial.

Poucos meses depois, em dezembro de 2007, o INDEPA foi reintegrado e sua autonomia funcional resgatada. Mas, pouco tempo depois perdeu toda sua autonomia, passando a ser absorvida pelo Ministério da Cultura no mês passado. A decisão foi aprovada sem que os Povos Indígenas fossem consultados.

O Convênio 169 da OIT e a Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos Povos Indígenas prevê que se deve "promover e garantir o sentido da igualdade social e o respeito dos direitos dos povos". Mas, a fusão do INDEPA com o Ministério da Cultura é considerada pelo Grupo de Trabalho dos Povos Indígenas, como um "atentado para a inconstitucionalidade indígena, já que afeta o objetivo da criação do órgão".

"As competências do Ministério da Cultura se referem à promoção, inclusão e proteção do patrimônio cultural que fornecem os povos indígenas, mas, não se estabelece sua competência para defender os direitos dos povos indígenas, como estabelecia a definição do INDEPA, na lei que o cria", ressaltou o Grupo da Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos do Peru. Eles explicam que a nova estrutura elimina o Conselho Diretivo com representação indígena.

Além disso, o INDEPA também perde sua força transetorial, que deveria exercer para vincular todos os setores do Estado, a fim de elaborar políticas públicas inter-setoriais, articular e coordenar a política estatal de implementação de direito.

"Por isso, convocamos o Estado Peruano para que cumpra o estabelecido no artigo 33 do convênio 169 da OIT e desenvolva ações encaminhadas para ressarcir as observações já mencionadas e assim estabeleça uma Instituição Estatal que atenda as demandas indígenas", enfatizam.

* Jornalista da Adital

Comunidades indígenas de Tefé, no Amazonas, sofrem com a seca

Comunidades indígenas de Tefé, no Amazonas, sofrem com a seca


Adital -

A comunidade do Povo Kokama em Porto Praia de baixo, município de Tefé (AM), com aproximadamente 300 indígenas, está isolada por causa de uma das maiores secas de todos os tempos já vista na região. De acordo com Raimundo Nonato da Silva, tuxaua da comunidade, falta água potável para os moradores, os lagos estão secando e os peixes morrendo. "Os que conseguimos pescar para venda, chega ao mercado já estragado, devido o transporte. Para carregar por terra, a distância é de mais de 4km a pé, no sol", afirma.

Os indígenas também já não podem fazer farinha, devido à falta de água e também pela falta de meio de transporte para o produto. Raimundo explica que comunidade já sofre com doenças. "Por causa da falta de água, a comunidade já sofre com diarréia, gripe e outras doenças causada pela má qualidade da água adquirida, sendo de um córrego atrás da aldeia sem nenhum tratamento", diz. Segundo o tuxaua, a secretária de Ação Social do município, Norma Pantoja, disse que a prefeitura deve furar um poço artesiano na aldeia, mais até o momento nada foi feito.

A situação de calamidade se estende por outras comunidades do município de Tefé e outras regiões. As comunidades São Jorge e Nova Jerusalém no lago de Tefé; Barreirinha no lago do Caimbé; Nossa Senhora de Fátima no lago do Catuá; Boará e Boarazinho no rio Solimões, sofrem do mesmo problema. Obede da Silva Maricua, diretor do departamento de saúde da organização indígena SEI-Tefé (Saúde, Educação e Terras Indígenas de Tefé), afirmou que os indígenas estão encaminhando um documento para a Funai para buscar apoio e ajudar as famílias isoladas.

O Cimi na Prelazia de Tefé se solidariza com a luta dos povos e apóia as iniciativas que favoreçam a vida destas populações.

Por Antonio Nascimento, Cimi Norte 1

Lula assina hoje decreto para cadastramento de atingidos por barragens

Lula assina hoje decreto para cadastramento de atingidos por barragens


Adital -

Na tarde de hoje (26), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) será recebido, em Brasília, no Palácio do Planalto às 15h, pelo presidente Lula e por ministros de Estado, entre eles, o Ministro de Minas e Energia, de Meio Ambiente, de Aquicultura e Pesca e a Secretaria Geral da Presidência. Também estão convidados representantes de movimentos sociais, sindicatos, pastorais sociais da CNBB, deputados e bispos.

Na solenidade, o presidente Lula assinará um decreto que estabelece critérios de cadastro socioeconômico dos atingidos por barragens, em todo o Brasil. O cadastro é um instrumento de identificação e qualificação da população atingida pela implantação de barragens. O decreto também institui um Comitê Interministerial
O Movimento reconhece que o decreto presidencial é uma conquista dos atingidos e avalia que é um reconhecimento do governo frente à dívida do Estado.

FONTE: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cat=7&dt=2010-10-26&cod=51925

Comissão Especial apura violência contra indígenas no sul da Bahia

Comissão Especial apura violência contra indígenas no sul da Bahia

O Procurador Geral da Funai, Antônio Salmeirão, integrará, juntamente com representantes da Secretaria de Direitos Humanos, uma Comissão Especial para averiguar os conflitos envolvendo agricultores e os índios Tupinambá de Olivença, nos municípios de Buerarema, Ilhéus e Una, no sul da Bahia.

A comissão foi criada por decisão do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, e tem um prazo de até 180 dias para apresentar o relatório de suas atividades. A resolução que cria a comissão foi publicada em 22/10 pelo diário oficial.

A terra indígena Tupinambá de Olivença foi delimitada recentemente, e produtores rurais da região se opõem a homologação da área. Os índios vem denunciando atos de violência contra sua população, e os agricultores movem diversos processos criminais contra lideranças indígenas.

A Comissão irá mapear os inquéritos e processos judiciais referentes ao conflito, e realizar reuniões com autoridades locais, índios e não-índios, buscando um entendimento pacífico. Para Salmeirão, a Comissão vai “esclarecer que não haverá prejuízos para a população não-índia, que será reassentada, e desfazer o preconceito que tem gerado essa violência".

FONTE: http://www.funai.gov.br/

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR)

PGDR/UFRGS



O Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) está recebendo inscrições para os cursos de mestrado e de doutorado, com ingresso previsto para março de 2011. As inscrições devem ser feitas até o dia 03 de dezembro na secretaria do PGDR (Av. João Pessoa, 31 – Campus Centro) de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 17 horas, ou, ainda, pela internet (http://www6.ufrgs.br/pgdr > Seleção e Editais), com o envio da documentação pelo correio. Mais informações pelo telefone 3308.3281 ou pgdrint@ufrgs.br. Os editais de seleção estão disponíveis na página relacionada.

FONTE:

Felipe V. M. Almeida

Biólogo e mestrando em Desenvolvimento Rural - PGDR/UFRGS
Indigenista Especializado - FUNAI

Priorizando los derechos indígenas en América Latina

Priorizando los derechos indígenas en América Latina

Por racismoambiental

Los pueblos indígenas son los guardianes de la Tierra, los conservadores de nuestra historia, el seno mismo desde el cual nació la civilización moderna. Con esto presente, convoco a todos los individuos y organizaciones mundiales en quienes recae la toma de decisiones – incluyendo organizaciones como la mía, el Fondo Internacional de Desarrollo Agrícola (FIDA) – para que den prioridad a los derechos y autodeterminación de los pueblos indígenas.

Acabo de visitar varios proyectos rurales patrocinados por el FIDA en Guatemala, donde he tenido la oportunidad de ser testigo personal de cómo se ven afectados por problemas económicos y medioambientales los Maya Quiché y otras comunidades rurales pobres en Latinoamérica.

He invertido toda una vida trabajando con poblaciones indígenas por todo el mundo – compuestas de más de 370 millones de individuos en cerca de 70 países. Y aunque los pueblos indígenas constituyen únicamente el 5 por ciento de la población mundial, cerca del 15 por ciento viven en la pobreza. Más preocupante aún, mientras que otros grupos están tomando pasos lentos, pero seguros, para salir de la pobreza, estudios recientes indican que las poblaciones indígenas tienden a permanecer en la pobreza.

¿Cómo podemos combatir estos obstáculos y crear políticas nuevas que respeten la cultura e identidad de los pueblos indígenas al mismo tiempo que los incluyan en el motor del progreso socioeconómico? Uno de los primeros pasos a tomar, según el punto de vista de mi organización, es aceptar su diversidad cultural como una verdadera ventaja.

En Latinoamérica solamente existen 400 grupos indígenas distintos, cada uno con su propio idioma y cultura. Las tradiciones de los Maya Quiché en Guatemala, los Emberá en Panamá, los Quechua en Perú, y muchos otros pueblos, nos ofrecen nuevas oportunidades de aprendizaje no solo a nivel espiritual (también nosotros tenemos que aprender a honrar y respetar a la Madre Tierra), pero también a nivel práctico. La sabiduría tradicional que por tanto tiempo ha sido aplicada por las poblaciones indígenas está siendo integrada con la tecnología moderna para proveernos de nuevas prácticas agrícolas que ayudarán a asegurar la sostenibilidad de nuestra permanencia en este pequeño planeta azul.

Yo he visto estas prácticas aplicadas en lugares como Perú, en donde técnicas de irrigación nuevas están siendo integradas con métodos agrícolas antiguos como la agricultura en terrazas, dando lugar a un mayor rendimiento para los campesinos pequeños de la región y a mecanismos duraderos que aseguran la sostenibilidad medioambiental.

No hay vuelta de hoja, nuestro planeta corre peligro. Y a pesar de haber contribuido lo más mínimo al cambio climático, los pueblos indígenas usualmente se encuentran entre los más vulnerable a su impacto debido a su dependencia en el medio ambiente y sus recursos. Más aún, cerca del 80 por ciento de la biodiversidad mundial se alberga en áreas predominantemente habitadas por estos pueblos.

Sin olvidarnos de esto, debemos mirar hacia ellos, estos protectores de nuestra Tierra, mientras trabajamos en conjunto para crear nuevas políticas de manejo de energía y recursos naturales que contrapesen la necesidad de crear negocios rentables en el campo con la imperativa necesidad global de emplear métodos ecológicos sostenibles.

Pero este cambio fundamental no solo depende de las organizaciones internacionales y gobiernos… ni debería. Los líderes indígenas – y los miembros comunitarios que representan – deben ser los principales actores en nuestros esfuerzos por erradicar la pobreza rural y adaptarnos al cambio climático. Ellos también deben informar el diálogo colectivo mientras trabajamos unidos para crear políticas y prácticas más robustas que incluyan y valoren esa gran diversidad que tanto enriquece a la sociedad entera.
Como organización, nosotros hemos visto este enfoque de impulso comunitario aplicado en países como Bolivia, Brasil, Ecuador, Guatemala, Honduras, Panamá y Perú, en donde estamos trabajando en colaboración directa con comunidades locales para decidir la magnitud y dirección de los proyectos que financiamos. Trabajando en consulta con estos grupos estamos descubriendo nuevas formas de adaptarnos a los desafíos medioambientales y de crear empresas rurales rentables, al mismo tiempo que preservamos el abundante patrimonio que estas culturas únicas nos ofrecen.

Desde esta perspectiva podemos decir verdaderamente que los participantes de estos proyectos no son solo beneficiarios de nuestros fondos pero los principales actores y protagonistas, a las riendas de su propio destino en su búsqueda por una vida mejor. Es un nuevo enfoque hacia el desarrollo y las cuestiones indígenas, pero un enfoque que funciona. Estamos seguros que nuestra Madre Tierra concordaría.

FONTE: http://racismoambiental.net.br/2010/10/priorizando-los-derechos-indigenas-en-america-latina/#more-8197
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TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS
Priorizando os direitos indígenas na América Latina

Para racismoambiental

Os povos indígenas são os guardiões da Terra, os curadores da nossa história, no coração da civilização moderna que nasceu. Com isso em mente, eu apelo a todos os indivíduos e organizações em todo o mundo que estão encarregados da tomada de decisões - incluindo as organizações como o meu, o Fundo Internacional para Desenvolvimento Agrícola (FIDA) - para dar prioridade aos direitos e da autodeterminação dos povos indígenas.

Acabei de visitar vários projectos rurais patrocinados pelo FIDA na Guatemala, onde tive a oportunidade de testemunhar como os funcionários são afetados por problemas econômicos e ambientais da Maya Quiché e outras comunidades rurais pobres na América Latina.

Eu passei uma vida inteira de trabalho com populações indígenas em todo o mundo - composta por mais de 370 milhões de pessoas em mais de 70 países. E enquanto os povos indígenas representam apenas 5 por cento da população mundial, cerca de 15 por cento vivem na pobreza. Mais preocupante ainda, enquanto outros grupos estão tomando passos lentos, mas com certeza a sair da pobreza, estudos recentes indicam que as populações indígenas tendem a permanecer na pobreza.

Como podemos lidar com esses obstáculos e criar novas políticas que respeitem a cultura ea identidade dos povos indígenas, ao mesmo tempo para incluí-los no motor do progresso econômico? Uma das primeiras medidas a tomar como ponto de vista da minha organização, é aceitar a diversidade cultural como uma vantagem real.

Só na América Latina há 400 grupos indígenas diferentes, cada um com sua própria língua e cultura. As tradições dos maias quiche de Guatemala, a Embera no Panamá, o quíchua, no Peru e muitas outras pessoas, oferecemos oportunidades de aprendizagem não só a nível espiritual (que também deve aprender a honrar e respeitar a Mãe Terra) , mas também um nível prático. A sabedoria tradicional tem sido aplicada pelos povos indígenas está sendo integrado com a tecnologia moderna nos fornecer novas práticas agrícolas que ajudarão a garantir a sustentabilidade da nossa estadia neste pequeno planeta azul.

Eu vi essas práticas em lugares como Peru, onde novas técnicas de irrigação estão sendo integrados métodos agrícolas antigos e agricultura em terraços, resultando em maiores rendimentos para os pequenos agricultores da região e os mecanismos sustentáveis para garantir a sustentabilidade ambiente.

Não pode voltar atrás, o nosso planeta está em perigo. E apesar de ter menos contribuíram para as alterações climáticas, os povos indígenas geralmente estão entre os mais vulneráveis ao seu impacto por causa de sua dependência em relação ao ambiente e seus recursos. Além disso, quase 80 por cento da biodiversidade do planeta está situado em áreas predominantemente habitadas por esses povos.

Já para não falar isso, temos de olhar para eles, estes protetores de nossa terra, como nós trabalhamos juntos para criar novas políticas de gestão de energia e recursos naturais que contrabalançam a necessidade de criar negócios rentáveis do país, com a urgente necessidade global de empregar métodos ecologicamente sustentável.

Mas essa mudança fundamental não depende apenas dos governos e organizações internacionais ... ou deveria. Os líderes indígenas - e membros da comunidade que representam - devem ser os principais actores em nossos esforços para erradicar a pobreza rural e adaptação às alterações climáticas. Eles também devem informar o diálogo coletivo como nós trabalhamos juntos para criar políticas mais sólidas e práticas que incluem e valorizam a diversidade que tanto enriquece a sociedade como um todo.
Como uma organização, temos visto esta abordagem aplicada para a promoção da comunidade em países como Bolívia, Brasil, Equador, Guatemala, Honduras, Panamá e Peru, onde estamos a trabalhar em estreita colaboração com as comunidades locais para decidir a magnitude ea direção dos projetos que financiamos . Trabalhando em colaboração com estes grupos estão encontrando novas maneiras de se adaptar aos desafios ambientais e criar negócios rentáveis rural, preservando o rico patrimônio que nós oferecemos estas culturas originais.

A partir desta perspectiva, podemos realmente dizer que os participantes nesses projectos não são os únicos beneficiários dos nossos fundos, mas os principais actores e protagonistas, a cargo do seu próprio destino em sua busca por uma vida melhor. É uma nova abordagem para o desenvolvimento e as questões indígenas, mas uma abordagem de sucesso. Estamos confiantes de que nossa Mãe Terra caberia.

FONTE: http://racismoambiental.net.br/2010/10/priorizando-los-derechos-indigenas-en-america-latina/#more-8197

Criminalização de movimento comunitário no rio Tapajós, no Pará

Criminalização de movimento comunitário no rio Tapajós, no Pará


Não podemos calar diante dos crimes da Eletronorte aqui no rio Tapajós. Por isso, utilizamos o respeitado site IHU para que o Brasil e o mundo saibam o que ocorre nestes dias aqui em nossa região", escreve Edilberto Sena, Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém no Pará e membro da Frente em Defesa da Amazônia (FDA).

Alguns devem já saber que o Ministério das Minas e Energia, através de sua subsidiária ELETRONORTE tem um perverso plano de construir inicialmente cinco grandes hidroelétricas na bacia do rio Tapajós, aqui
no Pará. Até hoje nunca procurou a sociedade regional e as comunidades ribeirinhas, nem o povo indígena Munduruku para dialogar e sentir se nós concordamos com tal plano. Para nós é um plano criminoso, porque vai destruir vidas humanas, vidas animais e vegetais, vai comprometer totalmente a dinâmica dos rios da região e portanto o meio ambiente.

Pois bem, esse plano que vem sendo elaborado, pesquisado, recebendo aprovação lá em Brasília, agora chega mais perto das comunidades de São Luiz do Tapajós, Pimental, Mangabal, Jacarecanga, entre outras comunidades, invadindo as comunidades, fazendo medições de terra e água, sem nunca pedir licença aos legítimos donos das terras onde vivem há mais de 100 anos.

Nestas últimas semanas ocorreu um fato político, espontâneo de resistência na comunidade Pimental, acima de São Luiz do Tapajós. Funcionários enviados pela Eletronorte entraram na comunidade, fizeram
demarcação de alguma coisa e fixavam marcos de cimento, quando um grupo de comunitários abordou os forasteiros indagando com que ordem estavam invadindo seu território. Responderam que estavam ali com
ordem do presidente. O grupo entendeu que tinha sido o presidente da comunidade e foram a ele, já irritados. Este respondeu que não sabia de nada e não dera ordem nenhuma a forasterios. O grupo cresceu de mais comunitários e voltaram já indignados com as mentiras dos funcionários, quando estes disseram que estavam ali com ordens do Presidente da República e que não tinham que dar satisfação a ribeirinho nenhum.

Então o grupo que juntara mais moradores indignados arrancou os marcos de cimento e os quebraram, expulsando os funcionários da comunidade. Estes vieram até Itaituba e registraram Boletim de Ocorrência contra a comunidade, já que não sabiam nome de algum membro da mesma.

No dia seguinte chegou uma equipe representando a comunidade de Pimental em Itaituba e deram sua versão dos acontecimentos, a esta hora distorcidos pelos funcionários e por um vereador, oportunista e
vendido à defesa da Eletronorte, os chamou de vândalos criminosos.

Os movimentos sociais em defesa do rio Tapajós estão manifestando apoio aos moradores de Pimental e buscando advogado para processar a Eletronorte por invasão de soberania territorial.

Tal fato revela a estratégia da Eletronorte: agir na surdina, criar o fato consumado, crimiminalizar qualquer resistência popular e destruir povos, rios, meio ambiente para colocar grandes fontes de energia para
servir à grandes projetos dentro e fora da região, como ALCOA, RIO TINTO, MINERAÇÃO RIO DO NORTE e outras que vorazmente se instalam na exploração de bauxita, ouro, calcário e outros minérios abundantes em nossa região.

A sociedade brasileira, o governo federal, o Ministério de Minas e Energia precisam saber que no Pará, se existem os políticos ficha suja, os incompetentes, existe também um povo que tem dignidade e luta
por respeito a seus direitos. E quem compreender os direitos dos povos amazônicos é convidado(a) a manifestar seu apoio moral e eficaz à nossa resistência, começando com o apoio à comunidade Pimental no alto rio Tapajós. Como diz a cantiga - "Quem gosta de nós somos nós e aqueles que nos vêm ajudar, por isso confia em quem luta, que a história não falha nós vamos vencer".

FONTE: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=37617

Cinep lança livro "Olhares Indígenas Contemporâneos"

Cinep lança livro "Olhares Indígenas Contemporâneos"


Adital -

O Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (Cinep) lança o livro Olhares Indígenas Contemporâneos. A coleção reúne seis artigos de autores indígenas produzidos a partir de teses de doutorado e dissertações de mestrado, defendidas entre 2008 e 2010, e de uma pesquisa sobre o perfil dos estudantes universitários indígenas no Brasil.

O primeiro volume da Série Saberes Indígenas, trás temáticas como mobilização, resistência, educação, lingüística e direitos indigenas na qual pretende oferecer aos estudantes, pesquisadores e profissionais indígenas um canal de divulgação dos resultados de seus estudos e pesquisas, além de propiciar uma oportunidade aos estudiosos e à opinião pública brasileira de conhecer um pouco mais do mundo e da realidade indígena a partir do olhar e do pensamento dos indígenas.

Cada exemplar custa R$30,00 e está a venda na sede do Cinep, em Brasília: SRTVS - Centro Empresarial Assis Chateaubriand - Quadra 701 - Conjunto 01 - Bloco 01 - nº38 - Sobreloja - Salas 25 e 26. Também através do e-mail jo@cinep.org.br ou pelo telefone (61) 3225.4349

FONTE: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=51903

O V Fórum Social Pan-Amazônico

O V Fórum Social Pan-Amazônico

O V Fórum Social Pan-Amazônico será realizado em Santarém, no Estado do Pará na Amazônia Brasileira entre os dias 25 e 29 de novembro de 2010. Será um passo adiante para unirmos as resistencias dos povos indígenas, comunidades tradicionais, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, camponeses, trabalhadores da cidade e do campo no rumo da construção de uma Pan-Amazonia que pertença efetivamente aos seus povos.
Eixos temátivos para o V FSPA

Em Defesa Da Mãe - Terra e Dos Territórios, Poder Para Os Povos Pan-Amazonicos, Direitos Humanos (Dhescas), Cultura, Comunicação e Educaçâo Popular.

Inscrição

O processo de inscrição se dará pela seguintes fases: formulário individual, formulário de acolhimento e pagamento da inscrição.

» Encontros Sem Fronteiras, Regionais Temáticos e de Segmento social

Os Encontros Sem Fronteiras são uma das mais ricas tradições do Fórum Social Pan-Amazônico e expressam o caráter do FSPA enquanto um processo vivo que busca articular as distintas expressões de resistência amazônica e construir a unidade dentro da diversidade dos povos da Pan-Amazônia.

» Debate do Bom Viver

» Santarém, palco do V Fórum Social PanAmazonico

Um pouco da história e Pontos Turísticos, Eventos e Festas

FONTE: http://www.forumsocialpanamazonico.org/V-Forum

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Boa Sorte

A Boa Sorte

A porção da Torá desta semana conta a história de amor entre Isaac e Rebeca. Abrahão pede ao servo para buscar uma esposa para Isaac. Ele estava preocupado, porque o servo poderia voltar sozinho ou trazer uma mulher que não fosse do agrado de seu filho. No entanto, o servo chega acompanhado de uma linda e afetuosa mulher, pela qual Isaac se apaixona a primeira vista. E Rebeca se tornaria uma grande alegria na vida de Isaac. Teria sido sorte?

Analisando a situação, iremos observar que Abrahão era um homem com grande desejo de compartilhar. Escolheu criteriosamente seu servo mais querido para buscar uma esposa para o filho. Isaac, por sua vez, estava orando, em profundo estado meditativo, quando avistou Rebeca pela primeira vez. Haveria receptor melhor para se encontrar um grande amor?

A conexão desta semana traz grande sorte para a nossa vida. Porque no momento em que você compreende o quanto é parte integrante de tudo aquilo que lhe acontece, você fica pronto para escrever o novo roteiro de sua vida.

Shalom!

Mais uma vida Pataxó Hã-Hã-Hãe é ceifada na luta pela terra

Mais uma vida Pataxó Hã-Hã-Hãe é ceifada na luta pela terra

Por racismoambiental

Mais uma vida indígena ceifada na disputa pela terra na região de Pau Brasil. A demora no julgamento da Ação de Nulidade de Títulos sob a Terra Indígena Caramuru Catarina Paragusssu do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe ontem teve mais um desfecho dramatico e como sempre levando mais uma vida de liderança indígena.

Segundo informações das lideranças, por volta das 21:00 horas do dia 23 de outubro de 2010, na estrada que liga o municipio de Pau Brasil a Itajú do Colônia a liderança José de Jesus Silva (cerca de 37 anos), conhecido como Zé da Gata, foi assassinado com um tiro de rilfle 38, por indivíduos que conduziam uma moto, quando a vítima chegava à área retomada da fazenda Bela Vista. Ainda segundo informações das lideranças, Zé da Gata estava levando mantimentos para o pessoal que se encontava na área de retomada quando foi alvejado pelo disparo.

Os Pataxó Hã-Hã-Hãe, cansados de esperar que o STF retome o julgamento da Ação de Nulidade de Títulos incidentes sobre o seu território tradicional, retomaram no ultimo dia 04 de outubro cerca de seis fazendas nos municípios de Pau Brasil e Itajú do Colônia. No dia 10 do mesmo mês, sofreram ataques violentos por parte de pistoleiros contratados pelos fazendeiros invasores das áreas. Esta situação levou uma comitiva de lideranças até Brasilia e uma outra a Salvador, para solicitar que providências urgentes fossem adotadas para evitar que situações de violência como estas viessem a ocorrer, mas parece que não adiantou muito. Acostumados com a impunidade que reina na região, os fazendeiros invasores continuarm seus ataques e ontem conseguiram um dos seus intentos.

Ao longos destes 28 anos de luta pela reconquista de seu território, o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe viram agora sua 20a. liderança, Zé da Gata, ser mais um a ter que derramar seu sangue para terem que recuperar seu território. Infelizmente, só para lembrar:

Em 1983, assassinato do indígena Antônio Júlio da Silva, atingido com um tiro na cabeça, por pistoleiros mandados pelo fazendeiro Marcus Wanderley.

Em junho de 1986, uma emboscada deixa gravemente feridos os indígenas Antônio Xavier (dez tiros), Anivaldo Calixto (um tiro no peito), Enedito Vítor (dois tiros) e Leonel Muniz (um tiro). Em novembro de 1986, a aldeia São Lucas é invadida por pistoleiros e soldados da Polícia Militar, fortemente armados. São assassinados os indígenas Jacinto Rodrigues e José Pereira. Uma criança recém-nascida também morre no conflito, quando sua mãe fugia pela mata para se esconder dos tiros.

No dia 29 de março de 1988, é encontrado morto o indígena Djalma Souza Lima, depois de ter sido seqüestrado na aldeia. Seu corpo apresentava vários sinais de tortura: unhas, dentes e couro cabeludo arrancados, castrado e com queimaduras em várias partes. No final de 1988, no dia 16 de dezembro, é brutalmente assassinado o líder Pataxó Hã-Hã-Hãe João Cravim, de 29 anos de idade, casado e pai de três filhos, numa emboscada que liga a aldeia à cidade de Pau Brasil – BA.

Nove anos depois, no dia 20 de abril de 1997, o irmão de João Cravim, Galdino Jesus dos Santos, é queimado vivo em Brasília por cinco jovens da classe média/alta, enquanto dormia numa marquise de ônibus. Galdino estava com um grupo de lideranças, cobrando da Justiça providências para regularização de suas terras. O crime, que chocou o país, até hoje clama por justiça. Antes de entrar em coma, Galdino perguntou repetidas vezes: ”Por que fizeram isso comigo?”

No dia 02 de janeiro de 2002, Milton Sauba é assassinado em frente ao seu filho, quando saiam para retirar leite no curral da fazenda que estavam ocupando. Todos sabem quem são os culpados, mas nenhuma providência até o momento foi tomada.

No dia 18 de julho de 2002, o índio Raimundo Sota é brutalmente assassinado em uma tocaia ao lado de sua casa. Raimundo já havia denunciado há alguns dias que vinha sendo ameaçados por pistoleiros a mando dos fazendeiros da região. Três dias antes do seu assassinato, houve uma tentativa de homicídio que deixou ferido o índio Carlos Trajano, com cerca de 15 balas.

No dia 19 de maio de 2007, o indígena Aurino Pereira dos Santos, 40 anos, casado, foi assassinado a tiros em uma tocaia na região do Taquari, município de Pau Brasil. O índio Aurino era participante ativo desse processo de luta do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe pela recuperação do seu território, participando ativamente de várias retomadas, inclusive na região onde foi assassinado, onde dirigia a retomadas mais recentes na região do Taquari e Braço da Dúvida.

É bom ressaltar que, ao longo destes anos, a FUNAI já realizou vários levantamentos fundiários, tendo pago indenizações pelas benfeitorias de boa-fé à maioria dos proprietários/possuidores. Uma minoria deles – os réus da presente ACO – 312-BA , no entanto, não reconhece a terra como indígena ou discorda do valor proposto pela FUNAI. E, apesar de serem minoria, as áreas por eles ocupadas correspondem à maior parte da TI Caramuru – Catarina – Paraguaçu. São estas áreas que foram no dia 4 de outubro deste ano retomadas.

No dia 24 de setembro de 2008, foi uma ótima oportunidade para que a sociedade pudesse pagar a sua dívida histórica que tem com os Pataxó Hã-Hã-Hãe, que ao longo dos séculos foram tão esbulhados dos seus direitos e mais recentemente, como percebemos na cronologia de violência apresentada acima, tão violentados. Mas infelizmente, apesar do voto favorável do Ministro Eros Grau, o pedido de vista do Ministro Menezes Direito frustou a oportunidade de redimissão da sociedade com a comunidade Pataxó Hã-Hã-Hãe, e a sua demora na retomada do julgamento terminou resultando em mais uma morte.

Mesmo com todo este quadro de violência o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe continua acreditando na Justiça e aguarda que todos os criminosos sejam punidos, e que finalmente as suas terras lhes sejam devolvidas, acabando assim com todo o sofrimento vivenciado por esta comunidade. E que finalmente possam viver como filhos de Deus na sua “Terra sem Males”.

É inadmissível que em pleno século 21 situações como estas ainda venham a ocorrer. O povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, seus aliados, parceiros e apoiadores solicitam que medidas urgentes aconteçam de verdade, principalmente a devolução de suas terras, para que possam viver dignamente seu projeto de vida.

Itabuna, 24 de outubro de 2010

Conselho Indigenista Missionário – CIMI.

FONTE: http://racismoambiental.net.br/2010/10/mais-uma-vida-pataxo-ha-ha-hae-e-ceifada-na-luta-pela-terra/
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NOTA: Até quando o Ministério da Justiça vai deixar a questão indígena do Sul da Bahia em suspense? Será que estão aguardando mais mortes?
Repudiamos a violência de ambos os lados: tanto dos indígenas quanto dos não índios.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Racismo e Ignorância

Racismo e Ignorância

Matéria recebida por email e postada para alerta e denúncia.

"NOVE INVASÕES EM DEZ DIAS

17/out/2010 . 22:41 | Autor: Seu Pimenta

Uma extensa área de 47 mil hectares, que compreende porções dos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema, no sul da Bahia, vive num clima de acirramento de tensões desde que a Funai publicou portaria definindo a região como terra a ser destinada aos índios tupinambás.

Na primeira quinzena de outubro, o aumento das invasões de propriedades rurais naqueles municípios, além de Itaju do Colônia e Pau Brasil, fez aumentar a preocupação, inclusive quanto ao risco de um conflito armado. Nada menos que nove propriedades foram invadidas em um período de dez dias.

Luiz Henrique Uaquim da Silva, que preside a Associação de Pequenos Agricultores de Ilhéus, Una e Buerarema, está indignado. Ele acusa “elementos armados com fuzis e metralhadoras, travestidos de índios” de desenvolver “ações táticas de guerra, orquestradas por Organizações Não-Governamentais e por políticos embusteiros”.

Uaquim cobra uma intervenção do governo baiano, alegando que a insegurança na região ameaça quebrar o equilíbrio socioeconômico de toda uma cadeia produtiva.

A associação realizará manifestação na próxima sexta-feira, dia 22. A partir das 10 horas, os pequenos agricultores, além de comerciantes dos municípios envolvidos, irão interditar a BR-101, em protesto contra as invasões e cobrando uma solução imediata para os conflitos na região.

4 respostas para “NOVE INVASÕES EM DEZ DIAS”

  • Robson Albert disse:

    Eu acho um absurdo, esses falsos indios estão sendo finaciados pela uma quadrilha chamada PT (Partido dos Traficantes) mandando verbas para eles comprarem armamentos pesados, eu estou entrando nessa briga vou procurar um financiamento e vou montar o Rei do Cangaço vou lutar a favor dos fazendeiros, destruindos todos que se opor em ajudar os falsos indios.

  • Robson Albert disse:

    Se segura os falsos indios que estou chegando ai, esse é o recado que mando para vocês e a esses canalhas da FUNAI que apoiam vocês.

  • DU BATISTA disse:

    OS CHAMADOS¨DONOS DE TERRA¨, SÃO ENGRAÇADOS, NUNCA RESPEITARAM OS DIREITOS DE INDIOS E NEM DOS SEM TERRAS, E QUANDO A COISA FICAM FEIA PARA ELES, AI APARECE UM ENGOMADINHO DESSES FALANDO BONITO, ACHANDO QUE VAI FAZER COM QUE A OPNIÃO PÚBLICA FIQUE A FAVOR DELES, ORA VEJAM SÓ, ESSES DONOS DE TERRA MANDAVAM MATAR INDIOS E SEM TERRAS PARECENDO QUE ELES ÉRAM DONO DA VIDA DE TODO MUNDO, QUANDO O GOVERNADOR WAGNER ASSUMIU O GOVERNO DEU UM BASTA NESSAS MATANÇAS E LIMITOU AS TERRAS DOS INDIOS E DEU A ELES O DIREITO DE IR E VOLTAR COMO É DE DIREITO DELES. O QUE DEVE TER DEIXADO OS DONOS DO MUNDO MEIO IRADOS POIS ELES SE ACHAVAM INTOCÁVEIS, POIS SEMPRE VIVERAM COMO VERDADEIROS CORONÉIS ONDE MANDAVAM EM TUDO E EM TODOS. MAS ISSO ACABOU E ELES AINDA NÃO SE ADAPTARAM A ÉSSA NOVA FORMA DE VIVER E DEIXAR O PRÓXIMO VIVER.

  • INVASÕES EM PROPRIEDADES RURAIS disse:

    Não somos culpados pelo erro do passado de 510 anos atrás.Procuramos nossos direitos na Justiça onde é local adequado para resolver a situação da demarcação das terras indígens.O governo Federal já demarcou mais de 90% da terras dos remanecentes indígenas,e qilombados.Não consta em estudos efetuados que a região de Ilhéus, Una e Buerarema tenha sido habitada por supostos indíos Tupinambás.Não desejamos derramamento de sangue no campo somos contra a violência que a região esta enfrentado, por supostos elementos que dizem ser indíos, que usam armas de grosso calibre para comandar as invasões, onde funcionários são mantidos reféns, maquinas e tratores são destuidos, animais mortos, casas incendiadas,pelos supostos elementos transvestidos de índios,que usam táticas de guerra, organizadas por supostas ONGS,e polícos embusteiros.Queremos a paz no campo, ao tempo em que exigimos das autoridades constituidas manter a paz no campo evitando um conflito armado, entre agricultores e os elementos supostos indíos, que ameaçam toda a região de Ilhéus, Una e Buerarema.
    Att,
    Kalif Rabelo
    Agricultor


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NOTA: Observamos no texto acima postado para alerta que, além da ignorância do que é ser ou não indígena, há manifesto ódio racial (Racismo) que é crime inafiançável.
Repudiamos, totalmente, qualquer tipo de preconceito.