Indígenas realizam marcha contra estrada no Parque Nacional Isiboro Sécure
A construção de uma estrada entre Villa Tunari e San Ignacio de Moxos, nos departamentos de Cochabamba e Beni, na Bolívia, ameaça o Território Indígena e o Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), localizado entre os dois departamentos bolivianos. Em rechaço ao projeto, indígenas do país realizam, hoje (2), uma marcha de protesto.
A manifestação terá como ponto de chegada a sede do governo da Bolívia, em La Paz. A ideia é repudiar a construção da estrada e demandar uma estratégia alternativa que não prejudique o Tipnis. De acordo com informações da organização ambiental Salve a Selva, os indígenas temem que a via facilite a exploração dos recursos amazônicos.
O rechaço parte dos povos moxenos, yuracaré e chimanes, os quais desde o ano passado denunciam a falta de atenção dada pelo Governo aos pedidos dos povos afetados. “Nossas mensagens e resoluções de rechaço da iniciativa de construir a estrada que uniria Villa Tunari e San Ignacio de Moxos nunca foram escutadas pelos governos prévios ou presentes”, reclamam.
Os afetados pelas obras se declaram “em estado de emergência e de mobilização” e ainda pedem às organizações nacionais e internacionais de defesa do meio ambiente e dos direitos humanos a se solidarizarem com a causa. Na opinião deles, se o governo da Bolívia realizasse uma consulta popular e respeitasse os resultados, poderia “legitimar sua busca por um novo modelo de desenvolvimento e por um novo paradigma de respeito à natureza e aos direitos indígenas”.
O Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis) é uma área rica em biodiversidade localizada entre os Andes tropicais e a planície amazônica. Foi declarado Parque Nacional em 1965 e desde 1990 é reconhecido como Território Indígena. No ano de 2009, recebeu o título de Território Comunitário de Origem (TCO).
A estrada
A via entre Villa Tunari e San Ignacio de Moxos – que passará pelo Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis) – é uma parceria firmada entre os governos do Brasil e da Bolívia e faz parte da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA). Segundo informações de Salve a Selva, a primeira das três partes da estrada já foi aprovada e está em processo de construção.
De acordo com a entidade ambientalista, o governo brasileiro custeará cerca de 80% da estrada e se beneficiará com a facilidade de levar seus produtos – como soja, alumínio, madeira, ferro e celulose – ao oceano Pacífico. Na Bolívia, a via facilitará o acesso entre os departamentos de Cochabamba e Beni que, com a estrada, não precisará mais passar por Santa Cruz.
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