terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

CAOI quer explicações da embaixada dos EUA sobre espionagem divulgada por Wikileaks

CAOI quer explicações da embaixada dos EUA sobre espionagem divulgada por Wikileaks

Karol Assunção
Jornalista da Adital

Adital

A Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI) quer explicações da Embaixada dos Estados Unidos no Peru sobre os documentos divulgados por Wikileaks. O pedido foi enviado ontem (14) à embaixadora do país norte-americano, em Lima, motivado pelas informações publicadas no último domingo (13) pelo jornal peruano El Comercio.

Na carta, CAOI solicitou a Rose Likins, embaixadora dos Estados Unidos no Peru, que explique "por que nossas atividades públicas têm sido objeto de seguimento e espionagem”. No domingo passado, o diário El Comercio publicou informações de Wikileaks que envolvem o coordenador da CAOI, Miguel Palacín.

As reportagens destacaram supostas reuniões realizadas entre Miguel Palacín; Ollanta Humala, candidato à presidência do Peru; e representantes do governo venezuelano por ocasião da Cúpula dos Povos Enlaçando Alternativas 3, ocorrida na capital peruana, em maio de 2008.

Através de nota, CAOI explicou que a Cúpula dos Povos foi organizada por várias organizações sociais e que Ollanta Humala não participou do processo de articulação e organização do evento. Da mesma forma, ressaltou que, durante a fase de organização, uma Comissão reuniu embaixadores de países da União Europeia e da América Latina e do Caribe para prestar informações sobre a Cúpula.

"Se alguma informação sobre a Cúpula dos Povos era requerida, esta devia ser solicitada diretamente à CAOI pelos canais institucionais e a haveríamos oferecido, (já que) não ocultamos nada nem fazemos algo fora do legal e legítimo de nossas organizações”, destacou a Coordenadora.

No documento, CAOI ainda esclareceu que a Cúpula foi um evento "aberto para todos que quisessem se expressar”, sem violência ou conflito e que os documentos finais foram entregues à IV Cúpula da América Latina, da União Europeia e do Caribe. Em relação ao envolvimento com representantes do governo venezuelano, a Coordenada reafirmou que segue com o posicionamento de "autonomia e independência” diante de todos os governos.

"O preocupante das revelações de Wikileaks é que continua a espionagem e a intromissão de países estrangeiros em assuntos internos do Peru com o aval e a colaboração de autoridades do governo peruano, o que traz como consequência a estigmatização e a criminalização dos movimentos sociais em geral e indígena em particular. E que os meios de comunicação façam eco destes fatos; não os denunciando, mas somando-os a essa estigmatização”, ressaltou.

Wikileaks Peru

No último domingo, o jornal El Comercio divulgou uma série de reportagens com base em documentos divulgados por Wikileaks. Em algumas delas, revelou que a embaixadora da Venezuela em Lima, Virly Torres, realizou uma reunião com Ollanta Humala e Miguel Palacín para organizarem a Cúpula dos Povos, realizada em maio de 2008.

Baseado em informações de Wikileaks, o diário peruano afirmou que o representante da CAOI não queria a participação de Humala na Cúpula dos Povos. O impasse, segundo El Comercio, foi resolvido através da mediação de Virly Torres em uma reunião na Embaixada da Venezuela em Lima. Em resposta, Humala negou o encontro com a embaixadora venezuelana para organizar o evento e afirmou que se reuniu com "todos os embaixadores que chegaram” ao Peru.

Com informações de El Comercio