CAOI quer explicações da embaixada dos EUA sobre espionagem divulgada por Wikileaks
Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital
A Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI) quer explicações da Embaixada dos Estados Unidos no Peru sobre os documentos divulgados por Wikileaks. O pedido foi enviado ontem (14) à embaixadora do país norte-americano, em Lima, motivado pelas informações publicadas no último domingo (13) pelo jornal peruano El Comercio.
Na carta, CAOI solicitou a Rose Likins, embaixadora dos Estados Unidos no Peru, que explique "por que nossas atividades públicas têm sido objeto de seguimento e espionagem”. No domingo passado, o diário El Comercio publicou informações de Wikileaks que envolvem o coordenador da CAOI, Miguel Palacín.
As reportagens destacaram supostas reuniões realizadas entre Miguel Palacín; Ollanta Humala, candidato à presidência do Peru; e representantes do governo venezuelano por ocasião da Cúpula dos Povos Enlaçando Alternativas 3, ocorrida na capital peruana, em maio de 2008.
Através de nota, CAOI explicou que a Cúpula dos Povos foi organizada por várias organizações sociais e que Ollanta Humala não participou do processo de articulação e organização do evento. Da mesma forma, ressaltou que, durante a fase de organização, uma Comissão reuniu embaixadores de países da União Europeia e da América Latina e do Caribe para prestar informações sobre a Cúpula.
"Se alguma informação sobre a Cúpula dos Povos era requerida, esta devia ser solicitada diretamente à CAOI pelos canais institucionais e a haveríamos oferecido, (já que) não ocultamos nada nem fazemos algo fora do legal e legítimo de nossas organizações”, destacou a Coordenadora.
No documento, CAOI ainda esclareceu que a Cúpula foi um evento "aberto para todos que quisessem se expressar”, sem violência ou conflito e que os documentos finais foram entregues à IV Cúpula da América Latina, da União Europeia e do Caribe. Em relação ao envolvimento com representantes do governo venezuelano, a Coordenada reafirmou que segue com o posicionamento de "autonomia e independência” diante de todos os governos.
"O preocupante das revelações de Wikileaks é que continua a espionagem e a intromissão de países estrangeiros em assuntos internos do Peru com o aval e a colaboração de autoridades do governo peruano, o que traz como consequência a estigmatização e a criminalização dos movimentos sociais em geral e indígena em particular. E que os meios de comunicação façam eco destes fatos; não os denunciando, mas somando-os a essa estigmatização”, ressaltou.
Wikileaks Peru
No último domingo, o jornal El Comercio divulgou uma série de reportagens com base em documentos divulgados por Wikileaks. Em algumas delas, revelou que a embaixadora da Venezuela em Lima, Virly Torres, realizou uma reunião com Ollanta Humala e Miguel Palacín para organizarem a Cúpula dos Povos, realizada em maio de 2008.
Baseado em informações de Wikileaks, o diário peruano afirmou que o representante da CAOI não queria a participação de Humala na Cúpula dos Povos. O impasse, segundo El Comercio, foi resolvido através da mediação de Virly Torres em uma reunião na Embaixada da Venezuela em Lima. Em resposta, Humala negou o encontro com a embaixadora venezuelana para organizar o evento e afirmou que se reuniu com "todos os embaixadores que chegaram” ao Peru.
Com informações de El Comercio