sábado, 26 de fevereiro de 2011

Investimento na adolescência pode romper ciclos da pobreza e iniquidade

Investimento na adolescência pode romper ciclos da pobreza e iniquidade

Por racismoambiental,

Camila Queiroz

Investir na proteção e no desenvolvimento da população mundial de 1,2 bilhão de adolescentes pode romper ciclos de pobreza e iniquidade, segundo o relatório global do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) “Situação Mundial da Infância 2011 – Adolescência: Uma fase de oportunidades”.

O relatório aborda a adolescência como um período de oportunidades, invertendo a lógica que costuma reduzi-la a uma fase de riscos e vulnerabilidades. O estudo, que contou com a participação de jovens e adultos interessados na temática, traça um panorama da adolescência hoje, abordando direitos e desafios enfrentados pelos jovens e apontando áreas em que os adolescentes mais precisam de investimentos, como saúde e educação.

Nove em cada dez jovens vivem no mundo em desenvolvimento e enfrentam desafios particularmente graves, que vão desde adquirir educação até simplesmente sobreviver. As dificuldades são ainda mais exacerbadas para meninas e mulheres jovens.

“Será que podemos deixar passar o tempo? Neste exato momento, na África, uma adolescente avalia os sacrifícios que precisa fazer para permanecer na sala de aula. Outro adolescente tenta desesperadamente não ser obrigado a juntar-se a grupos armados. Na Ásia Meridional, uma jovem grávida, aterrorizada, espera o dia em que, sozinha, dará à luz seu filho”, descreve o Diretor Executivo do UNICEF, Anthony Lake, que, mesmo diante deste cenário nada acalentador, conclama todos a agir por mudanças.

Segundo a publicação, investimentos realizados nas duas últimas décadas permitiram grandes avanços para os períodos inicial e intermediário da infância. Entre os avanços alcançados desde 1990, está a redução de 33% na taxa global de mortalidade de menores de cinco anos e a eliminação quase total das diferenças de gênero nas matrículas na escola primária em diversas regiões em desenvolvimento.

No entanto, menos avanços foram observados em áreas que afetam os adolescentes. Mais de 70 milhões de adolescentes em idade de frequentar os anos finais do ensino fundamental estão fora da escola. No Brasil, as reduções na taxa de mortalidade infantil entre 1998 e 2008 significam que foi possível preservar a vida de mais de 26 mil crianças; no entanto, no mesmo período, 81 mil adolescentes brasileiros, entre 15 e 19 anos de idade, foram assassinados.

De acordo com o relatório, as conquistas obtidas na primeira década de vida podem se tornar sustentáveis com políticas nacionais e programas específicos que ofereçam aos adolescentes acesso à educação de qualidade, saúde e proteção. Lake reforça que a adolescência é uma fase decisiva, pois o jovem pode consolidar os ganhos da primeira infância ou perdê-los. “Precisamos concentrar mais intensamente os nossos esforços nos adolescentes – principalmente nas meninas adolescentes –, investindo na sua educação e saúde e em outras medidas para envolvê-los nos processos de melhoria de sua própria vida”, declarou.

Situação da adolescência no Brasil

Além dos dados sobre o Brasil incluídos no relatório, o UNICEF também divulgou o Caderno Brasil, publicação que contextualiza para a realidade brasileira as reflexões e dados do relatório global. Para contribuir com a temática, o UNICEF pretende ainda este ano lançar um relatório sobre a situação específica dos adolescentes no Brasil, com foco nas iniquidades, desafios e oportunidades.

O Brasil conta com uma população de mais de 21 milhões de adolescentes. 30% dos seus 191 milhões de habitantes têm menos de 18 anos e 11% da população possui entre 12 e 17 anos.

Em consonância com o relatório mundial, a situação dos adolescentes no Brasil demonstra que atualmente as oportunidades para sua inserção social e produtiva ainda são insuficientes, tornando-os o grupo etário mais vulnerável em relação a determinados riscos, como o desemprego e subemprego, a violência, a degradação ambiental e redução dos níveis de qualidade de vida. As oportunidades são ainda mais escassas quando são levadas em consideração outras dimensões da iniquidade além da idade, como renda, condição pessoal, local de moradia, gênero, raça ou etnia.

Leia o relatório global e do Caderno Brasil na íntegra em:http://www.unicef.org/brazil/pt/media_19830.htm

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cat=2&cod=54287