sábado, 9 de abril de 2011

Agnaldo Pataxó

Carta de Agnaldo Pataxó

Por racismoambiental,

Caros parentes, amigos e parceiros,

Nós, Pataxo Hã Hã, Hãe, tivemos as nossas terras demarcadas entre o período de 1926 a 1937; a terra que era 50 léguas em quadros foi diminuída para 54 mil e 100 hectares de terra, que logo depois da demarcação começou a ser invadida pelos políticos da região e começara a matar e expulsar o nosso povo, que foi exilado em outras aldeias e em vários estado da federação ficando só um pouco na região que teve que negar as suas próprias identidade para não ser mortos igual a dezenas de outros parentes que foram assassinados, e na década de 70 o governo da Bahia legalizou as invasão o que era ilegal se transformou em legal com a emissão de titulo de terra concedido pelo governo do estado; isto tudo aconteceu com a complacência do SPI ( serviço de proteção aos povos indígenas).

Na década de 80 nós voltamos do exílio para fazer a retomada de nosso território e desde 82 nós começamos um processo de retomada do nosso território, com a retomada da fazenda São Lucas, a atual sede do Caramuru, e nesta mesma data foi implantamos no STF (Supremo Tribunal Federal) o pedido de nulidade dos falsos titulo emitido sobre o nosso território, e até hoje o STF não julgou o processo; já tem três anos que iniciou o processo de julgamento e até hoje nada, enquanto já morreram mais de duas dezenas de lideranças assinada pela a luta da terra, e os nossos ancião estão morrendo sem assistência e os jovens estão sem esperança e nos lideres atual continuamos lutando, morrendo e enfrentando um processo de criminalização de nosso povo.

Nós estamos enfrentando um processo sistemático e organizado pelo o estado brasileiro através dos seus agentes publico chamado (justiça) com o objetivo de desqualificar o nosso povo e negar os nossos direitos.

Nós somos mais de três mil indígenas e dos 54 e 100 hectares de terra só ocupamos mais ou menos 13 mil, e os 41 mil hectares de terra se encontra nas mão dos latifundiários.

No mês de outubro do ano passado reiniciamos o ano passado um processo de retomada, pois não acreditamos que a justiça ira devolver o que é nosso sem luta e toda a terra que estamos ocupando hoje foi fruto de muita luta e sacrifício de nosso povo; nós retomamos cinco mil hectares mas os latifundiário tentaram nos expulsar à força da bala mas não conseguiram pois o nosso povo esta organizado e não deixou que no dia dez de outubro de 2010 cem homens fortemente armado expulsarem nosso povo da terra; ai eles buscaram apoio da “justiça” e a policia federal solicitou mandato de prisão para quatro liderança de nosso povo; a minha que sou secretario do Fórum de Educação da Bahia, Gerson Vereador , membro do COPIBA e Cacique, Hideildes líder e Maria Mello Líder, com o objetivo de desarticular, intimida, amedrontar e criminalizar o nosso povo, nos acusado de formação de quadrilha, esbulho; e a policia federal junto com a força nacional entrando no nosso território para expulsar o nosso povo de nossas terras com apoio de uma liminar de reintegração de posse a favor dos latifundiário que não conseguiram nos expulsar a bala e agora nos expulsa com a policia federal e policia da força nacional justamente as força que tem a função de nos defender os nosso território de invasão.

Como vamos compreender essa inversão de papel; o TRF ( Tribunal Regional Federal) depois de quatro mês com um pedido de Habescorpos a nosso favor observou o processo manteve o mandato de prisão conta nós e o cacique e vereador Gerson conseguiu dinheiro e contratou um advogado particular pra lhe defender conseguiu o relaxamento de sua prisão junto ao juiz federal de Itabuna, e Eu, Maria e Hideildes, por não termos condições de contratar um advogado, mesmo sendo acusado no mesmo processo do vereador Gerson , não vamos ter a nossa liberdade só porque não temos dinheiro. E depender que o estado faça o seu papel, temos que continuar fugindo da justiça ou ser preso sem dever nada só pro lutar pelos os nossos direitos.

A 26 anos aguardamos se iniciar o julgamento dos falso titulo sobre a nossa terra e há três anos estamos aguardando finalizar o julgamento do nosso território.

Eu gostaria de reiterar que essa ação não é isolada, pois em vários povos indígena do pais estão enfrentando e tem varias lideranças com mandato de prisão e outras presas com a mesma acusação que esta sendo feita contra nós e também vários povos esta tendo seu povo expulso da terra por quem tem o direito de defender, essa mesma estratégia das forças antagônicas aos nossos povos acontecendo como aqui no sul e extremo sul da Bahia.

Gostaria de solicitar aos nossos dirigentes indígenas, indigenista, os agentes públicos indígenas e parceiros que percam a timidez e nos possamos colocar em debate o que esta acontecendo contra o nosso povo de maneira orquestrado por varias forças antindigena em nosso país.

Que cada um de nós possamos dar a nossa contribuição para luta pelo os territórios indígena da Bahia e do Pais, e não nos esqueçamos dos nossos grandes lideres que já tombaram pela luta do nosso povo e que deixamos que os espírito dos nossos ancestral se manifeste.

Saudações indígenas,

Vamos à luta.

Agnaldo Pataxó.

Enviada por Edilene Batista Kiriri para a lista do CEDEFES.