terça-feira, 7 de junho de 2011

Indígenas de Puno voltam a se mobilizar contra concessões mineiras

Indígenas de Puno voltam a se mobilizar contra concessões mineiras

Camila Queiroz
Jornalista da ADITAL

Adital

Após cumprir a promessa de trégua nos protestos, possibilitando o segundo turno das eleições presidenciais do Peru, ocorrido no último dia 5, os indígenas aymaras e quechua, da região de Puno, retomam a luta por soberania. Eles querem ser consultados sobre as concessões mineiras em seu território e exigem do atual presidente, Alan Garcia, uma solução para o impasse antes que sua gestão acabe, no dia 27 de julho.

De acordo com o secretário de organização da Confederação Nacional de Comunidades Afetadas pela Mineração (Conacami, na sigla em espanhol), Pablo Salas Charca, os protestos continuarão até que os povos sejam ouvidos e atendidos.

O dirigente informou que hoje (7) as bases de Azángaro, Carabaya, Lampa e outras no distrito de Orurillo apresentaram os resultados de uma análise sobre problemas ambientais locais e, a partir disso, as ações para os próximos dias serão planejadas.

Os indígenas têm pressa em retomar as manifestações, pois acusam o presidente Alan Garcia de demorar a atender suas demandas para deixar o problema para a próxima gestão, do presidente eleito Ollanta Humala.

"Ollanta Humala é do povo e o que o governo quer é deixar-lhe bombas relógio para nos fazer lutar com o povo e isso não vamos permitir”, ressaltou Salas. Ele esclareceu que, por conta da atitude do governo, haverá muitas jornadas de luta em breve.

Entre os principais pontos de reivindicação dos povos originários estão o repúdio às concessões mineiras, petrolíferas e para a construção da hidroelétrica de Inambari. Além disso, exigem o fim das operações de algumas empresas mineradoras.

Os manifestantes argumentam que são os principais afetados pelos impactos sócio-ambientais trazidos por essas atividades e denunciam que o governo não tem projetos sociais para a região, não chegando a garantir-lhes nem emprego digno, por exemplo.

Entretanto, destacam que não se opõem completamente à mineração, mas querem ser consultados e incluídos no processo de outorga das concessões. Com isso, pretendem definir em que zonas se poderá extrair minerais sem contaminar as bacias dos rios que levam ao Titicaca, o maior lago de água doce da América do Sul e um lugar sagrado para os povos andinos.

A preocupação ambiental dos indígenas, que habitam o lugar há vários séculos, visa garantir um meio ambiente saudável para que continuem desenvolvendo a agricultura, principal atividade econômica da região.

Puno é alvo de interesses de países como Canadá, Estados Unidos e Reino Unido por possuir jazidas de urânio. Em 2002, na região, o Estado peruano concedeu 433.321 hectares para mineradoras, número que cresceu vertiginosamente, dobrando em 2006 e atingindo 1.643.746 hectares no ano passado.

Com informações de Conacami e Servindi


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