quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Paradoxo da Ansiedade

Saúde Mental: O Paradoxo da Ansiedade

Amigo ou inimigo? Em uma era onde o tempo parece estar passando cada vez mais rapidamente e as escolhas são mais amplas – viver à beira de um ataque de ansiedade está virando lugar comum. Aprenda o que dispara esta estranha emoção e como usar sua força a seu favor.

Basta uma palavra, e de repente seus pensamentos se tornam tão rápidos que criam um nó na sua garganta, tornando sua respiração impossível. Confusão é o nome do jogo e você não consegue imaginar aonde isso vai te levar.

Esses são alguns dos sintomas da ansiedade. Não consola muito saber que todos nós já experimentamos a ansiedade em algum grau em determinado ponto de nossas vidas. A ansiedade vem quando nos defrontamos com um momento de vida definitivo, crucial ou talvez quando tenhamos que tomar uma decisão importante. Sentimos que nossos piores temores invadem nosso inconsciente, onde se multiplicam, disparando incerteza e preocupação sobre algo que poderia – ou não – acontecer.

O grande filósofo francês Montaigne escreveu: “Minha vida tem sido cheia de terríveis infortúnios, a maioria dos quais jamais aconteceu”. A ansiedade distorce as preocupações normais e as amplifica. Ficamos presos na armadilha, como moscas em teias de aranha feitas por nós mesmos, lutando desesperadamente, paralisados demais para tomar a ação necessária que nos irá libertar.

O medo é baseado em um perigo conhecido, algo tangível: um nódulo descoberto durante um auto exame da mama, uma falência iminente. Esses são problemas que sabemos ser reais: podemos tocar o nódulo, podemos ver a divida. E embora os problemas sejam esmagadores, existem coisas que podem ser feitas: remover o nódulo, dietas especiais, tratamentos; reestruturar o negócio, encontrar novos investidores. Com a ansiedade porém nos sentimos assombrados, fora de controle. E ainda assim, quando pressionados, raramente conseguimos apontar a causa exata. E porque a ansiedade não possui uma origem física, trata-se de um mal que confunde os médicos e resiste à medicina. Os sofredores desse mal que procuram alívio através de tratamentos com pílulas, tônicos e drogas raramente são bem sucedidos.

E ainda assim apesar das conotações negativas atreladas à palavra ansiedade, a própria sensação pode criar dentro de nós um efeito bem positivo. E embora seja algo que nunca desejemos experimentar, geralmente nos tornamos melhores por termos passado por isso. A ansiedade é tanto uma maldição temível quanto uma enorme bênção.

Tudo depende de como a encaramos.

Os Kabbalistas sugerem que deveríamos encarar a ansiedade sob uma luz positiva. Eles acreditam que ela se manifesta para nos lembrar que não estamos realizando nosso pleno potencial neste mundo, que não estamos atingindo o nosso propósito. Só através do estímulo da auto avaliação constante, que geralmente se inicia com a ansiedade, conseguiremos fazer o melhor e ser bem sucedidos em nossos esforços. Na verdade, a ciência medica apoia esta perspectiva. Muitos médicos discutem que algum grau de ansiedade é bom. Em seu longo tratado sobre o assunto, Anxiety (Oxford, 1986), o Dr. Donald W. Goodwin sugere que o estresse é uma ferramenta útil que pode "forjar o caráter, melhorar a criatividade e estimular-nos a fazer o melhor”.Com a ansiedade, vivenciamos um grau mais elevado de consciência sobre nós mesmos. De acordo com a Associação Médica Americana, a ansiedade também nos ajuda a reagir a situações de emergência.

Assim, temos a natureza paradoxal da ansiedade – ela é boa ou nociva? Como podemos reduzir os efeitos negativos da ansiedade e usar seus efeitos positivos para estimular-nos a fazer o melhor? Como podemos melhor usar os pensamentos de ansiedade para alcançar nossos objetivos?

Existe um velho ditado: “O medo bateu. A fé respondeu. Não havia ninguém”. Aqueles que estudam Kabbalah acreditam que a ansiedade ocorre quando não temos certeza. Ao nos recusarmos a confiar em Deus, ou na perfeição do plano final, aceitamos cargas que não deveríamos carregar e conseqüentemente nos sentimos desconfortáveis, deprimidos e com medo. Nossos corpos respondem fisicamente a esse desequilíbrio espiritual, motivo pelo qual aqueles que sofrem de ansiedade geralmente sentem dores de cabeça, tontura, palpitações, grande fadiga e problemas respiratórios.

De acordo com a Kabbalah, no entanto, nossa consciência a partir da ansiedade é a maneira do Criador nos oferecer uma chance de nos reconectar com Ele, um chamado ao espírito. Os kabbalistas acreditam que através da ansiedade somos alertados para uma decisão errada que tenhamos tomado, dando-nos assim a capacidade de nos reorientar no caminho para o nosso verdadeiro destino. Talvez estivéssemos muito concentrados nos desejos pessoais ou em obter fama ou fortuna e negligenciamos nossas necessidades espirituais e as necessidades dos outros. A ansiedade nos dá a chance de voltar um passo atrás e olhar objetivamente para nossas vidas. “Reveja e isso vai te reerguer” (Mishlei 4:8). Precisamos examinar nossas prioridades emocionais e espirituais e trabalhar ativamente para alcançá-las. Só então poderemos experimentar a verdadeira paz de espírito

Dicas para Lidar com a Ansiedade quando ela Ataca
• Mantenha um diário: todo dia, escreva cinco coisas pelas quais você seja grato.
• Pratique atos aleatórios de gentileza.
• Reconheça seu incrível potencial e lute para maximizá-lo todos os dias.
• Livre sua mente de preocupações ajudando os outros.
• Encare seus medos – eles não são tão terríveis quanto você imagina.
• Aceite os aspectos positivos da ansiedade e use-os para melhorar sua vida.