sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Brasil tem 3,7 milhões de crianças e jovens fora da escola, aponta Unicef



Brasil tem 3,7 milhões de crianças e jovens fora da 

escola, aponta Unicef

Pobreza, trabalho infantil e fracasso escolar explicam a evasão, diz estudo.
Índices são maiores entre crianças pequenas e jovens de 15 a 17 anos.

Do G1, em São Paulo
Evasão de alunos é considerada preocupante (Foto: Reprodução/TV Integração)Evasão de alunos é considerada preocupante
(Foto: Reprodução/TV Integração)
Um estudo feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação mostra que o trabalho infantil, o fracasso escolar, as desigualdades sociais e a baixa renda familiar são os principais fatores de risco para criança e jovens abandonarem a escola. Tendo como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2009, que mostrou que quase de 3,7 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos de idade estão fora da escola no Brasil.
ALGUMAS RAZÕES PELO ABANDONO ESCOLAR
Desilgualdade racial
A média de anos de estudo da população negra é de 6,7 anos, contra 8,4 da branca. Segundo dados da Relatoria Nacional do Direito Humano à Educação, enquanto 70% das crianças brancas conseguem concluir o Ensino Fundamental, somente 30% das negras chegam ao final dessa etapa
Violência na escola
De acordo com a pesquisa "Bullying Escolar no Brasil", de 2009, 70% dos estudantes ouvidos apontam a existência de violência na sua escola
Trabalho infantil 
De acordo com a Pnad 2009, cerca de 4,3 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos trabalham no país, em média, 26,3 horas semanais
Problemas no ensino médio14,8% dos adolescentes brasileiros entre 15 e 17 anos (1.539.811) estão fora da escola, e apenas metade dos que frequentam a escola está no ensino médio, a etapa da escolarização adequada à faixa etária
Fonte: Todas as crianças na escola em 2015 – Iniciativa global pelas crianças fora da escola/Unicef
 Uma emenda constitucional publicada em 2009 obriga a escolarização de todas as crianças e adolescentes do país de 4 a 17 anos até 2016. No entanto, a evasão escolar se mostra preocupante entre as crianças menores, de 4 e 5 anos, com 1,5 milhão de estudantes fora da pré-escola, e os mais velhos de 15 a 17 anos, também com 1,5 milhão fora da escola. Na faixa intermediária, dos 6 aos 14 anos, a evasão atinge 630 mil crianças e adolescentes.
O estudo mostra que a desigualdade social se reflete no abandono escolar ou no fracasso no aprendizado. Enquanto 30,67% das crianças brancas (1,6 milhão) têm idade superior à recomendada nos anos finais do ensino fundamental, entre as crianças negras, a taxa é de 50,43% (3,5 milhões).
Em relação à pobreza, 62% das crianças de famílias com renda por pessoa de até um quarto do salário mínimo estão acima da idade recomendada para a série. A taxa cai para 11,5% nas famílias com renda familiar per capita superior a dois salários mínimos.
A Unicef recomenda a adoção de políticas públicas que atinjam vários setores da sociedade para assegurar o direito da criança à educação, a inclusão e a permanência na escola e a aprendizagem de crianças e adolescentes com deficiência, com risco de trabalho infantil, e das crianças e adolescentes abrigadas e em medidas socioeducativas. Indica ainda a valorização do professor e aponta a importância de programas de avaliação contínua para eliminar da cultura escolar a naturalização da repetência, da evasão, da não alfabetização na idade certa e da não aprendizagem.

Segundo o Ministério da Educação, para diminuir o problema de crianças e jovens fora da escola, o governo lançou um programa de construção de 5,5 mil creches e pré-escolas e a ampliação da oferta de vagas nas unidades já existentes. E elabora mudanças no currículo do ensino médio para torná-lo ainda mais atraente para os jovens e reduzir a evasão escolar.
O governo federal discute um aumento no investimento em educação. O Plano Nacional de Educação (PNE) está em tramitação no Congresso Nacional e, se for sancionado da forma como foi aprovado em uma comissão especial da Câmara, prevê investimento de 10% do PIB em educação ao longo de 10 anos.