quarta-feira, 15 de agosto de 2012

MEDICINA NUCLEAR

MEDICINA NUCLEAR


Em 1896, O físico francês Antoine Henri Becquerel (1852-1908), estudando os cristais de sulfato de urânio, verificou que estes cristais emitiam radiação semelhante dos raios X.

Dois anos depois o casal Curie Pierre Curie (1859-1906) e sua esposa de origem polonesa (Varsóvia) Marie Sklodowska (1867-1934) depois chamada e conhecida Marie Curie, trabalhavam no laboratório de Becquerel chegaram a conclusão que a emissão de raios pelos cristais denominava a radioatividade. Continuaram pesquisando e analisaram um tipo de urânio e conseguiram separar dois outros elementos radioativos: Polônio e o radio.

Os três cientistas receberam o prêmio Nobel em física em 1903.
Marie Curie e Becquerel
Figura 1 Foto de Marie Curie e Becquerel
Fonte: www.radiology.com.br

Em homenagem aos respectivos descobridores a medicina nuclear tem dois sistemas de decaimentos radioativos: Sistema Internacional (Bq) e sistema convencional (SC) em Curie.

Após a descoberta da radioatividade, a medicina nuclear obteve um fundamento biológico com o princípio do traçador, descoberto pelo químico húngaro George de Hevesy em 1913. Este princípio, George de Hevesy confirma através de experiências com nitrato de chumbo marcado com o radionuclídeo 210Pb (Plumbun) que mostrou absorção e movimentos em plantas.

Em 1932, a invenção e a construção do ciclotron, por Ernest O. Lawrence e M. Stanley Livingstone, possibilitaram a produção de radionuclídeos artificiais por bombardeamento de núcleos-alvos por partículas positivas aceleradas.

A produção de quantidades suficiente de radionuclídeos para a administração médica se inicia com o advento dos reatores nucleares que foi desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial.
A primeira aplicação da medicina nuclear acontece por volta de 1946, em tratamento terapêutico em paciente com hipertireoidismo utilizando o radioisótopo Iodo 131.

Inicialmente, haviam poucos radionuclídeos adequados para as aplicações médicas, e grande parte dos estudos clínicos enfocava a avaliação da glândula tireóide e suas disfunções, com o uso do 131I na forma de iodeto.

Objetivo da medicina nuclear
A Medicina Nuclear é uma especialidade que utiliza pequenas quantidades de substâncias radioativas chamadas radioisótopos, também chamadas de radiotraçadores, radiofármacos ou traçadores.

Para que haja formação da imagem é necessário o componente fisiológico, ou seja, que haja vida como elemento básico.

A imagem cintilográfica é morfofuncional, isto, informa dados anatômicos, tamanho, forma e posição e dados sobre funcionamento.

As imagens são apresentadas em forma de gráficos ou imagens seqüências sempre conduzem informações fisiológicas.

Indicações Clínicas da Medicina Nuclear
Apesar de ser mais conhecida para fins diagnósticos por imagem é também é indicada para fins de tratamentos terapêuticos para algumas doenças, como o câncer de tireóide e dores ósseas causadas por metástases ósseas.

Equipamentos
Equipamento de SPECT (Single Photon Emission Computed Tomography)

Os equipamentos utilizados para formar imagens em Medicina Nuclear podem ser chamados de gama-câmara, câmara Anger ou câmara de cintilação. Esses equipamentos consistem em um detector de radiação gama, um sistema digital de processamento dos sinais e um computador.
SPECT CT
Figura 5 – SPECT/CT
Fonte:www.biij.org/2007/3/e49/fig3.jpg

Foi desenvolvida por HALL ANGER na década de 1960. No seu design original, a ANGER CÂMARA é composta de arranjos hexagonais de tubos fotos detectores de vácuo, cada um com aproximadamente 8cm de diâmetro em volta do cristal cintilante. O circuito elétrico detecta coincidência de detecção entre os tubos e calcula a sua direção e posição dos tubos ativados, correlacionado a voltagem produzida em cada um deles, um detector de raios gama, com um cristal de cintilação de ( iodeto de sódio) ativado com TÁLIO que transforma a energia de cada raio gama em muitos fótons de luz (fenômeno de fluorescência). Estes são detectados com vários tubos fotomultiplicadores ao redor do cristal e eletrônica associada que computa as diferentes intensidades medidas. Um colimador e chumbo é usado entre paciente e o detector para eliminar raios gama que não tenham direção perpendicular a ele (O que torna a imagem com uma melhor resolução). As imagens são produzidas com o auxílio de um computador integrado no equipamento.

Essa técnica é utilizada para obter imagens tridimensionais e dinâmicas de órgão ou tecidos de interesse. Os traçadores radioativos devem emitir radiação gama com energia entre 100 e 300 keV, devem decair por captura eletrônica ou transição isométrica e não devem emitir radiação corpuscular para minimizar a dose de radiação para o paciente.

Equipamento de PET (Pósitron Emission Tomography – Computed Tomography)

O método utiliza o equipamento PET/CT (Pósitron Emission Computed Tomography), que se funde entre a tomografia por emissão de pósitron e à tomografia computadorizada, podendo detectar alterações menores, a tomografia computadorizada informa riqueza de detalhes anatômicos e a medicina nuclear informa dados fisiológicos desta forma esta modalidade permite estudos da anatomia e fisiologia. Podendo destacar nas especialidades de oncologia (para planejamento radioterápico) neurologia e cardiologia.

SPECTCT Philips Procedence
Figura 3 Equipamento de PET
Fonte www.ge.com.br

O principal insumo do PET/CT é a FDG (flúor-deoxi-glicose), uma glicose radioativa marcada com Flúor-18. O Flúor-18 tem meia-vida de apenas 2 horas, não podendo ser estocado ou importado. Precisa ser produzido pelo cíclotron apenas algumas horas antes de ser usado.
O cíclotron é o equipamento capaz de produzir as substâncias radioativas (emissores de pósitrons) necessárias para se obterem as imagens funcionais.

Com o cíclotron é possível produzir substâncias como carbono-11, oxigênio-15 e flúor-18 e, com elas, produzir hormônios, neurotransmissores e carboidratos radiativos, entre outras substâncias.
THRALL, J. H., Ziessman, H. A. Medicina nuclear. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001

CASTRO JR., A. Medicina Nuclear, In: NOBREGA, A.I. (org.). Tecnologia radiológica e diagnóstico por imagem. São Caetano do Sul / SP: Difusão, 2006

MORAES, A. F. Manual de medicina nuclear. São Paulo: Ateneu, 2007

NISCHIMURA, Lúcia Yurico. Enfermagem nas Unidades de Diagnóstico Por Imagem Aspectos Fundamentais. São Paulo: Atheneu, 2000.