Povos indígenas de diversos pontos de Mato Grosso manifestaram preocupação com os latentes conflitos na luta pela posse da terra, que ocorre no Estado. Especialmente na região do Araguaia, envolvendo os Xavantes, e o povo Mÿky, no Noroeste do Estado. Grupos de Tangará da Serra, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Campos de Julio e de inúmeros outros municípios, se deslocaram Cuiabá, para a realização de um protesto pacífico em diversos pontos que representam as autoridades dos brancos, como são chamados por eles os não índios.
Os índios reivindicam sobre as consequências que a greve da Funai vem trazendo para todas as aldeias e para todos os índios como um todo, bem como de uma portaria deferida pela Supremo Tribunal Federal que tira praticamente todos os direitos de domínio das terras pelos índios.
O manifesto faz um "pedido de socorro e providências" com relação à Portaria 303 AGU. Os índios contestam a portaria nº 303, de 16 de julho 2012, que dispõe sobre salvaguardas institucionais às terras. Nela muitas cláusulas entram para proibir inúmeras atividades indígenas e tirar um direito que é historio para este povo, que é o domínio por suas terras.
A atuação das forças armadas, Polícia Federal, a presença de pessoas que não pertencem aos grupos tribais, dentre inúmeros outros contextos são mencionados que acontecerão independente da autorização ou consulta às comunidades indígenas ou Funai.
Eles se dizem vítimas do sentimento dominante, "que nos obrigaram a sermos povos dominados, que para isso foram utilizados todos os meios em cada época, como: a invasão, a mentira, o massacre, o medo, a cristianização, a expulsão, desvalorização da cultura, discriminação e preconceito”.
“O índio não é reconhecido pelo branco. O branco quer paz? O índio também quer! Nós necessitamos do fruto da terra, ele foi sempre a nossa primeira fonte de renda, de ‘matar a fome’, enfim, é complicado falar. (...) O nosso protesto será pacífico, calmo, queremos é ter os nossos direitos assegurados e esta portaria é absurda” - afirmou o cacique de uma das aldeias pertencentes ao manifesto.
Dentro do documento entregue ainda consta “tendo ainda muitos desafios a serem superados, como o cumprimento da demarcação de todas as terras indígenas ainda não demarcadas, acesso digno a assistência de educação e saúde, o direito e condições de desenvolver economicamente de forma sustentável e concreto em nossas próprias terras, gerando renda trabalho a fim de garantir uma qualidade de vida digna e verdadeira para nossas crianças, idosos, famílias e futuras gerações”.
“Queremos que o governo tenha boa fé, que converse com a gente, que tenha um diálogo, que crie leis que valorize a cultura o povo indígena, não dá para ficar do jeito que está. O branco sabe matar? O índio sabe muito mais. Se for preciso matar um para defender a nossa opinião?! É guerra que os políticos querem? Guerra que eles vão ter”, afirmou outro índio.