Índios em Roraima protestam contra portaria da Advocacia Geral da União
Além das representações indígenas, servidores em greve da Funai em Roraima também estiveram presentes na mobilização.

Para os povos indígenas, as portarias 303 e 304 da AGU representam a violação de seus direitos. Foto: Raimundo Lima/Amazon Sat
BOA VISTA – Uma marcha em protesto às portarias 303 e 308/2012 da Advocacia Geral da União (AGU) na manhã de ontem (9), em Roraima, marca o Dia Internacional do Índio, celebrado neste dia 9 de agosto. Com cartazes, cantos e danças, cerca de 200 comunidades indígenas no estado pedem a revogação das portarias publicadas em julho deste ano.
“Estamos fazendo um protesto contra a violação dos direitos indígenas. A portaria 303 proibi a ampliação das Terras Indígenas, tira a autonomia das Terras. A Portaria 303 e 308 da AGU representam um retrocesso ao reconhecimento dos direitos indígenas e colocam em risco vida dos povos. Enfim, tira todos os direitos garantidos pela Constituição Federal”, declarou o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Mário Nicácio Wapichana.
A manifestação em Boa Vista aconteceu no Centro Cívico e reuniu o Conselho Indígena de Roraima (CIR), Conselho do Povo Indígena Ingarikó (Coping), Hutukara Associação Yanomami (HAY), Associação dos Povos Indígenas da Terra Indígena São Marcos (APITSM), Associação dos Povos Indígenas de Roraima (Apirr), Associação dos Povos Indígenas Wai-Wai (APIW), Associação dos Povos Yekuana do Brasil (APYB), Organização das Mulheres Indígenas de Roraima (Omir), Organização dos Professores Indígenas de Roraima (Opir) e Organização dos Índios da Cidade (Odic).
Além das representações indígenas, servidores em greve da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Roraima também estiveram presentes na mobilização. “A pauta deles é muito parecida com a nossa, também queremos a extinção deste decreto. Além disso, queremos a melhoria dos povos indígenas”, comentou o integrante do comando local de greve Clébio Genuíno.
Para André Vasconcelos, coordenador regional da Funai, presente da mobilização, a manifestação dos povos indígenas em Roraima foi legítima. “Da parte da Funai, fica a nossa solidariedade e apoio para que a comunidade indígena não tem seus direitos retrocedidos. Acredito que toda conquista à direito seja de indígena ou não-indígena tem que avançar e não retroceder”, declarou o coordenador.
A programação da Marcha dos Povos Indígenas seguiu com atividades culturais e protestos em frente à Assembleia Legislativa de Roraima e na Praça do Centro Cívico. Segundo Nicácio, na mobilização serão discutidas as portarias 303 e 308 da AGU, com a apresentação das propostas dos povos indígenas, uma vez que encerra no dia 24 de setembro de 2012 o prazo para as entidades darem respostas à AGU sobre as referidas portarias.