quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pataxó Hã-Hã-Hãe querem sensibilizar ministros do Supremo Tribunal Federal

Cerca de 100 índios da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe mobilizam-se, em Brasília, para sensibilizar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a acompanharem o voto do ex-ministro Eros Grau, na ação que trata da nulidade de títulos imobiliários dos ocupantes da Terra Indígena Caramuru - Catarina Paragassu, no Sul da Bahia. Em 2008, Eros Grau votou pela nulidade dos títulos de propriedade concedidos pelo governo estadual a cerca de 400 fazendeiros, mas o julgamento foi interrompido pelo pedido de vista do ministro Menezes Direito.

A Corte havia marcado o julgamento da Ação Cível proposta pela Funai, desde 1982, para esta semana, mas tornou a adiar a votação. Com o apoio da Funai, que solicitou audiências ao STF, uma comissão de lideranças Pataxó Hã-Hã-Hãe deverá permanecer na capital federal para dialogar com os ministros e continuar com suas mobilizações até que seja marcado o dia da próxima sessão para votação.

Na tarde de ontem (28), os indígenas estiveram em reunião com o presidente da Funai, Márcio Meira, que reafirmou o apoio à mobilização. “Esse é o momento dos Pataxó-Hã-Hã-Hãe e todos estamos solidários para ir ao STF por essa questão. É importante a presença da comunidade aqui”, afirmou. Mais cedo os indígenas estiveram em frente ao Supremo, onde realizaram ato público com atividades ritualísticas. No dia anterior (27), na Praça Galdino, realizaram ritual para lembrar a luta do indígena queimado e morto em abril de 1997. Na ocasião, Galdino travava intenso diálogo com o judiciário, em busca da retirada dos latifundiários das terras originárias do seu povo.

Há quase 30 anos, os indígenas Pataxó Hã-Hã-Hãe vêm lutando pela anulação dos títulos e retirada dos invasores de seu território. Para Yaranwy Pataxó Hã-Hã-Hãe, irmã de Galdino, as mobilizações tanto dão continuidade à luta iniciada por Galdino, como também fortalecem seu povo. “Acreditamos que os nossos ancestrais nos darão força para vencer essa batalha, esperamos que os Ministros do Supremo, levem em conta todo o nosso sofrimento, toda nossa dor”, declara Yaranwy. Outros povos, caso dos Tupinambá da Serra do Padeiro e os Pataxó, ambos da Bahia, também estiveram presentes nos rituais, articulações e manifestos.



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