quarta-feira, 23 de junho de 2010

Serviço público paga mais que iniciativa privada

Serviço público paga mais que iniciativa privada

Dados do Dieese mostram que, em média, funcionários públicos ganham 98% a mais que seus colegas das empresas privadas. Em Brasília, a diferença é ainda maior: servidores ganham quatro vezes mais


Estudo do Dieese mostra que servidores públicos de Brasília ganham, em média, quatro vezes mais que trabalhadores da iniciativa privada
Eduardo Militão
Recentemente, o presidente Lula sancionou o novo plano de carreira dos servidores da Câmara. No caso da Câmara, como mostrou o Congresso em Foco, haverá casos de servidores com 40% de aumento. Os ocupantes de cargos de natureza especial terão 33%. O Senado, agora, discute também a aprovação de seu plano de carreira, também com reajustes expressivos. Tais planos reforçam uma tendência observada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Eles mostram que, no Brasil, um funcionário público ganha, pelo menos, 98% a mais que seus colegas assalariados na iniciativa privada.
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Em Brasília, onde funciona o Congresso, a diferença é ainda maior. Os funcionários públicos ganham quatro vezes mais que os trabalhadores da iniciativa privada. Pesquisa do Dieese diz que, em março deste ano, a média de renda de todos os ocupados na capital era de R$ 1.857 por mês, o que inclui autônomos, servidores e assalariados privados, com e sem carteira assinada.
Mas a média salarial do setor público em Brasília era de R$ 4.583 por mês. Ao contrário, a dos assalariados do setor privado, R$ 1.100. Ou seja, mais de quatro vezes mais ou 317% a mais.
O Congresso em Foco consolidou dados do Dieese referentes ao Distrito Federal e às regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS). Em São Paulo, Belo Horizonte e Recife, não houve informação sobre os ganhos específicos do setor público. Das informações obtidas, o Dieese concluiu que há 19,1 milhões de pessoas ocupadas nessas cidades. Destas, 10,9 milhões são assalariadas do setor privado e 2 milhões, servidores públicos.
Veja, abaixo, a diferença salarial entre servidores públicos e da iniciativa privada nas principais capitais:
(Média salarial em R$ por mês)

Cidade Média geral Setor Privado Setor Público Diferença
Brasília (DF) 1.857,00 1.100,00 4.583,00 317%
Porto Alegre (RS) 1.290,00 1.090,00 2.158,00 98%
Salvador (BA) 1.066,00 961,00 2.050,00 113%
Fortaleza (CE) 787,00 740,00 1.814,00 145%
São Paulo (SP) 1.284,00 1.267,00 sem informação sem informação
B.Horizonte(MG) 1.298,00 1.113,00 sem informação sem informação
Recife (PE) 834,00 798,00 sem informação sem informação

Fonte: Pesquisas de Emprego e Desemprego do Dieese. Mês de publicação: Abril de 2010. Mês de referência dos rendimentos: Março de 2010

O quadro demonstra que os melhores rendimentos continuam, de longe, concentrados no setor público, assim como acontece em Brasília.
Porto Alegre é a cidade com a menor diferença entre servidores e trabalhadores de empresas e instituições sem fins lucrativos. Lá a diferença salarial é de 98% a favor dos funcionários públicos, que ganham, em média R$ 2.158 por mês, contra R$ 1.090 dos colegas da iniciativa privada.
Em Fortaleza (CE), o Dieese encontrou os piores salários das sete capitais pesquisadas. A média geral dos ocupados é de R$ 787 por mês, pouco mais que o salário mínimo. Mas os servidores cearenses conseguem uma renda bem melhor: recebem R$ 1.814 por mês, ou 145% a mais que os funcionários do setor privado, que obtêm apenas R$ 740 mensais.
Em São Paulo, Belo Horizonte e Recife, o Dieese não informou o valor médio dos rendimentos dos servidores. Mas lá os trabalhadores da iniciativa privada recebem menos que os funcionários públicos das outras quatro capitais.
Nas sete capitais pesquisadas, o desemprego em fevereiro variou entre 9,7% da população economicamente ativa – índice alcançado por Belo Horizonte – e 19%, índice constatado em Recife (PE). Com os maiores salários, Brasília, teve desemprego de 14,4%. Com os piores rendimentos, Fortaleza, obteve 9,9%.

Congresso em Foco