quinta-feira, 3 de junho de 2010

Índios Purí-Goitacá - Meus ancestrais





Nas fotos estou eu com minha tia, irmã de minha mãe. Na outra foto, está minha bisavó Índia Purí-Goitacá pêga no laço.

Foram os índios Puri, os habitantes da mata tropical Atlântica encontrados por José de Lanes Dantas Brandão, quando da sua primeira incursão pelo interior do Noroeste Fluminense. Os Puri eram remanescentes da nação Goitacá, que sofrera intenso combate dos portugueses e de tribos inimigas depois da "Confederação dos Tamoio". A Confederação foi uma liga indígena que atacava a portugueses e jesuítas que invadiam suas terras. Eram índios do Rio e de São Paulo. Fugiram para a Zona da Mata Mineira em migrações sucessivas formando tribos com características próprias. A nação Goitacá, subdividiu-se em Puri, Coroado (ou Croato) e Coropó (ou Cropó). Não são conhecidas tribos - até os dias de hoje - diferentes dos Puri que habitavam Varre-Sai. Os Goitacá nos primeiros tempos da chegada dos portugueses, formavam uma exceção no litoral brasileiro, já que toda costa era ocupada pelos Tupi-Guarani. A diferença - em linhas gerais entre os Tupi e Goitacá, era que os primeiros já se ocupavam de agricultura, apesar de grande mobilidade espacial. Seus inimigos, os Tapuia - essa palavra significa escravo, na língua dos Tupi - viviam da caça, pesca e de frutos silvestres. No entanto apesar de sua cultura material simples seu modo de se organizar em sociedade era mais complexo e elaborado do que os Tupi-Guarani. Os Goitacá foi um dos povos Tapuia que os portugueses conheceram quando chegaram. Foram violentamente atacados e perseguidos pelos colonizadores. Eram considerados violentos e selvagens, mas na verdade eram constituídos por guerreiros valentes e corajosos. Eram excelentes nadadores, remadores e imbatíveis em lutas de campo aberto. Frei Vicente Salvador revelava que ele dominavam os tubarões e lutavam com estes dentro d'água. Eram também guerreiros marítimos, destros e destemidos. Na primeira metade do século XVII os originais integrantes desta nação indígena haviam desaparecido. Por ocasião da Confederação dos Tamoio os portugueses ligados a grupos indígenas inimigas submeteram o povo Goitacá a uma severa perseguição, que os dizimou ou os fez fugir em sucessivas migrações, para o interior das matas. Várias expedições e bandeiras foram organizadas contra os Goitacás em sua rota de migração. Estes estavam no século XVI entre Macaé e o Espírito Santo. Muitos que permaneciam com os colonizadores sofreriam ainda uma epidemia de varíola que dizimou uma grande parte deles. Os Puri nas suas migrações deixaram o litoral Capixaba e as baixadas de Campos dos Goitacazes em direção a terras ricas em caça, pesca e frutas da Zona da Mata Mineira. Seu curso foi o Rio Paraíba do Sul. Foram para a Zona da Mata, para o Noroeste Fluminense e para o sul do Espírito Santo. No Noroeste Fluminense espalharam-se pelos atuais municípios de Itaperuna, Natividade, Porciúncula, Bom Jesus de Itabapoana e Varre-Sai. Durante as migrações adquiriram as características do ambiente dos sertões florestados, formando as nações Puri, Coroado e Coropó. Em Varre-Sai, dos descendentes dos Goitacá destacam-se os Puri e Coroado. Segundo consta os Coroado receberam esse nome pelo fato de que quando expulsos para as matas, cortaram eles os longos cabelos - já que estes se emaranhavam nas florestas - e deixaram restos em forma de coroa no alto da cabeça. Os Coroado são os responsáveis pelo nome Puri dado aos índios da última tribo. Puri é um termo depreciativo e significa "bandido". Já os Puri devolviam o epíteto aos Coroado, chamando-os de "puri". As tribos eram rivais e lutavam por áreas de caça e pesca. Diversos cronistas dão relatos da presença dos Puri nessa região durante os séculos XVII e XVIII. Os índios ficaram relativamente à salvo, durante muito tempo, do ataque dos brancos em função da região ser conhecida como "Sertões Pestíferos" e só foram ocupadas quando no início do século XIX os bandeirantes mineiros, em procura de terras agriculturáveis desceram para essa região. Estes colonizadores iniciaram aldeamentos dos índios Puri. Para o processo de aldeamento, que era um fator decisivo para se instalar nas terras, tinha que se saber o idioma dos índios e conhecer as técnicas de sobrevivência nas florestas. Era necessária uma aproximação cautelosa e oferecimento de presentes e dar um bom tratamento aos índios. Depois de aldeados eram-lhes ensinadas técnicas rudimentares de agricultura e a coleta de poaia. O pagamento era feito em sal ou gordura, roupas e aguardente. Inicialmente os índios utilizavam os produtos por curiosidade e depois ficavam dependente dos brancos para conseguí-los. O aldeamento alterou os usos e costumes dos índios e sua organização tribal de maneira paulatina. Havia, no início de século XIX, 4.000 índios Puri aldeados, 800 Coroado e 400 Coropó. Muitos outros ainda viviam na floresta. Em 10 anos esse número diminuiu para 1.000, em resultado de confinamento e doenças trazidas pelos brancos. Os índios morriam em grande quantidade de varíola e sarampo. A informação sobre os índios em meados do século XIX é de que estavam se tornando inofensivos e embriagando-se. O consumo de bebidas alcóolicas era grandemente apreciado por todos os índios brasileiros aculturados. Muitos fazendeiros e estudiosos da época já previam seu extermínio. Seu modo de vida estava desaparecendo e com eles sua vontade de viver. No final do século já havia desaparecido essa grande nação de bravos caçadores e exímios frecheiros. Os Puri não se acasalavam com mulheres brancas ou negras. O homem Puri exigia a dominação sobre a mulher para o sexo. Culturas que ele considerasse dominadora em relação à sua, impediam o acasalamento. Seus genes sobreviveram nas índias, bisavós dos habitantes de hoje, caçadas à laço pelos brancos, que deixaram seus traços em pelo menos um terço ou metade da população que compõem a Zona Mineira da Mata e o Noroeste Fluminense. Obs.: Dados retirados do trabalho organizado pelo Dr. José Antônio Abreu de Oliveira - "Subsídios para a História do Município de Varre-Sai".

Fonte : TurisRio

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Introdução
Pouco se fala ou se estuda a respeito dos primórdios de Itaperuna, muito menos ainda se comenta, pesquisa ou se escreve sobre aqueles que foram os primeiros habitantes desta região: Os Puris.
Vítimas, desde o inícío de nossa colonização, dos mais diversos aventureiros, tiveram os Puris nos poalheiros a sua mais forte degradação. Eles os exploravam o mais que podiam, pagando com aguardente, a extração de um vegetal chamado poaia, muito abundante em nossa região. Essa bebida exercia grande atração sobre os Puris e, muitas das vezes, em troca da bebida ofereciam aos poalheiros suas mulheres e filhas.
Eis aí, em poucas palavras, uma das razões pela qual o índio merece nossa atenção no estudo e na história do desbravamento de nosso vale; devemos olhar para eles, com profunda gratidão e respeito pois, estes seres que já foram chamados de "crianças das selvas", são a causa primeira da vida humana na terra itaperunense.

Origem
Descendente dos Goytacazes que, perseguidos, caçados e derrotados, subiram o Rio Muriaé, invadindo a densa floresta virgem e povoando-a até o início do Século XIX.

Índole
O temperamento dos índios Puris, segundo alguns historiadores, era calmo, apático e conformado com sua condição, porém quando enfurecidos, tornavam-se vingativos, não esquecendo uma ofensa.

Características Físicas
Possuíam estatura baixa, entre 1,35m e 1,65m, rosto largo, nariz curto, dentes magníficos, olhos oblíquos. Tinham braços musculosos, pelo de coloração acobreada, cabelos negros e grossos, compridos e abundantes. As mulheres da tribo mediam em torno de 1,40m.

Habitação
Eram construções rudimentares feitas de madeiras e fibras e cobertas de capim, palha ou casca de árvore, ou mesmo folhas de palmito ou brejaúba.
Construídas em terrenos planos e, principalmente sob o abrigo de grandes árvores, sua técnica de construção consistia em fincar duas forquilhas distantes uma da outra e sobre elas atravessar um pedaço de madeira que passava por cumeeira, colocando pedaços de madeira inclinados de um lado, presos a essa cumeeira por fortes embiras ou cipós apropriados para tal fim; esta armação de madeira recebia uma densa camada de capim ou folhas de palmito que ficavam inclinados para um só lado, a fim de permitir o escoamento da água.Tinham por leito a própria terra, cavavam o chão, fazendo nele uma depressão onde pudessem acomodar seu corpo, como se fosse uma cama

Religião
Acreditavam que um ser poderosíssimo e bom os acompanhava.
Tinham seus "pajés" e a eles ficava a incumbência de dirigir as atividades religiosas e rituais da aldeia, cuidar dos doentes e ministrar-lhes medicamentos, transmitir aos membros as poucas lendas e tradições de sua gente.
Acreditavam no feitiço e a eles era reputada, pelas tribos que viviam nas redondezas, a fama de grandes feiticeiros.

Alimentação
Plantavam, em pequena escala, "fava mangalês", batata-doce, banana e milho. Utilizavam também em sua alimentação, cará branco, mandioca e abóbora que comiam crus ou cozidos.Apreciavam o araçá, ananás, abacaxi, goiaba, mamão e coco de vários tipos, sendo a banana, considerada por eles, fruta nobre. Para eles, o mel representava saboroso alimento.Usavam uma cuia, feita de certos frutos silvestres secos, como a cuité, a cabaça e postados de cócoras, faziam suas refeições.

Caça e Pesca
Da caça e da pesca dependia quase que totalmente sua sobrevivência.
Como técnica de pescaria utilizavam o cipó chamado "Timbó" que, segundo eles embebedava o peixe.
Usavam um tipo de balaio com tampa e dispositivo para desarmar quando o peixe entrava em seu interior.
Possuíam um método incomum de pescar, que consistia em amarrar algumas minhocas na ponta de uma linha (trazidas pelos aventureiros) e joga-las dentro d'água. Ao sentirem que o peixe engoliu a isca, puxavam a linha de repente e, com ela, vinha o peixe.
A caça também era abundante, nessas paragens como: anta, capivara, paca e outros animais silvestres, sem contar com a grande variedade de aves; muitas vezes, nem as levava ao fogo, comendo-as cruas.
Era crença entre eles que o caçador que abatesse um animal por flechamento não deveria provar de sua carne "para não perder a pontaria".

Dança
A dança era um dos divertimentos favoritos dos Puris e a eles era reputada a fama de grandes dançarinos. Suas danças eram acompanhadas de cantigas que produziam um "alarido infernal", executadas por um grupo de cinco índios; o ritmo variava segundo a finalidade. As danças religiosas eram realizadas em louvor ao "Sol" e aos "Astros", de preferência as "Estrelas".

Casamento
Logo que apareciam nos jovens os primeiros indícios de puberdade, seus pais procuravam tomar as providências para o seu casamento, porém estes não eram arranjados por eles e sim, casavam-se por afeição, levando em conta a inclinação amorosa.

Nascimento
Não existiam parteiras nas aldeias, as mulheres grávidas ao pressentirem o nascimento próximo, dirigiam-se para o interior da floresta e lá, forrando o chão com folhas, davam à luz, inclusive seccionando o cordão umbilical e resolvendo por si todas as complicações que pudesse advir. Fatais eram os casos de bacias estreitas e hemorragias.

Armas
A flecha e o bodoque eram armas muito simples, porém usados com perícia tornavam-se perigosíssimas.

Artesanato
Faziam os Puris vários objetos para seu uso, empregando a argila faziam suas panelas e enormes potes, denominados "igaçaba", onde depositavam seus mortos.Faziam também com barro cozido colheres, pratos, potes para água e outros utensílios dos mais diversos formatos, sendo que alguns deles venceram a barreira do tempo e chegaram até os nossos dias.
Utilizavam em seus trabalhos manuais fibras vegetais, madeira e taquara. Com as embiras de imbaúba branca, do tucum e do embiruçu, teciam cordas com as quais faziam suas redes de pescar; com o fruto do cuité, faziam cuias. De madeira faziam os cochos para fermentação de bebidas, assentos e até mesmo gamelas.
Usavam em suas peças pintura primitivista, segundo o seu grau de cultura e na flora e na fauna encontravam o tema para seus trabalhos que, por vezes, representavam grosseiramente desenhos de serpentes, de aves ou de alguma forma geométrica copiada da natureza.

Linguagem
Os vocábulos indígenas brasileiros, em geral, são todos de característica Tupi-Guarani. Cada tribo, cada família, dispunha de dialetos próprios, porém, com a mesma origem.
Os Puris não fugiam à regra e tinham seu próprio vocabulário, formando um dialeto influenciado pelos conquistadores, fossem eles portugueses, africanos ou indígenas de outras tribos.

Morte
A morte atingia nossos índios muito cedo, eram raros os que viviam mais tempo. Tinham grande pavor da morte e procuravam evitar assistir a um falecimento dos seus. Por isso, abandonavam os velhos e enfermos no meio da selva, com o fogo aceso, alguns galhos secos de árvore, água e comida.Quando morria alguém na tribo, o sepultamento era feito imediatamente para que os maus espíritos não se apossassem do corpo. O morto, por sua vez, era amarrado e enrolado em cordas feitas de embira e logo, em seguida, era colocado em uma igaçaba que lhe serviria de túmulo, indo com ele sua flecha e seu bodoque, bem como outros objetos que possuísse.

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Índios Puris

Os Primeiros Habitantes de Resende - RJ

Tribos nas margens do Rio Paraíba do Sul: Tamoios, Guarumirins, Guaranazes, Puris, Tupinambás, Temiminós, Guarulhos, Coropós e Goitacazes. As principais aldeias Puris eram onde hoje se situam as cidades de Lorena, Queluz e Resende (Vila da Fumaça).

Por volta de 1780, diante da dificuldade de derrotar os Puris, os brancos contaminam-os com varíola. Em 1788, eles vão fugidos pela Serra da Mantiqueira para áreas onde hoje estão a Serrinha do Alambari, Visconde de Mauá e localidades de Minas Gerais.

Puri (Por-i) significa povo miúdo, de pequena estatura. Eram troncudos de pele vermelha, fina e macia, com cabelos lisos e escorridos sobre os ombros. Povo nômade, moravam sob folhas de bananeiras sustentados por varas, onde acendiam fogueiras e estendiam redes feitas de embira. Só possuíam chefe em tempos de guerra. Os homens faziam armas, caçavam e guerreavam. As mulheres colhiam os alimentos e confeccionavam utensílios de barro e taquara.

O casamento era poligâmico, a união podia ser desfeita pela vontade de um ou de outro e em muitos casos os homens ajudavam com o novo marido. Sua maior diversão era a dança, pintando-se de vermelho (urucum), azul (genipapo) e preto (carvão). Nesses momentos, os puris formavam fileiras de homens e mulheres, sem distinção de idade, e se punham a cantar e dançar.

Viam a morte como uma passagem para outra vida. A imortalidade da alma era inquestionável para essa tribo e o “outro mundo” era visto como uma mata agradável, onde havia muitos pés de sapucaia e caça abundante.

"A extinção dos Puris"

Para acabar com os constantes incômodos causados pelos índios aos primeiros moradores da região foi chamado o Sargento-Mor Joaquim Xavier Curado. Neste período houve sangrentas lutas e vários índios foram expulsos ou mortos. Só um grupo decidiu ficar e então foi criada na localidade de Fumaça uma aldeia dos Puris. É por isso que até hoje os antigos moradores do distrito chamam a região de Aldeia.

Tempos depois os Puris foram aprisionados para trabalhar como escravos nas fazendas e começou um processo de extermínio dos índios. Para provocar a sua morte, os conquistadores chegaram a disseminar a varíola entre eles. O último a morrer, em 1864, foi o índio Victorino Santará.

Fonte: Site da Prefeitura de Resende - RJ
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Nota:
Preservamos o título " A extinção dos Purís" pois assim está no site da Prefeitura de Resende - RJ, porém eles estão completamente equivocados e mal-informados a respeito da Etnia Purí.

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