sexta-feira, 9 de julho de 2010

Campanha mundial pressiona governos a combater a fome

Campanha mundial pressiona governos a combater a fome

Adital – “Um bilhão de pessoas vive com fome crônica e eu estou louco de raiva”. Esse é o lema da campanha mundial pela erradicação da fome lançada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). No Brasil, o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e o Mutirão pela Superação da Miséria e da Fome assumiram, no início deste mês, o compromisso com a ação.

A ideia da campanha “1billionhungry” (um bilhão com fome) é coletar um milhão de assinaturas e entregá-las à Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 16 de outubro, dia mundial da alimentação. “Queremos sensibilizar a humanidade e recolher um milhão de assinaturas para a ONU colocar um dispositivo criminalizando a fome, como ocorreu no passado com a escravidão”, afirma padre Nelito Dornelas, secretário do Mutirão pela Superação da Miséria e da Fome.

Os números são assustadores. Em todo o mundo, mais de um bilhão de pessoas vive com fome. Somente na Ásia e no Pacífico, segundo dados da FAO, são 642 milhões de famintos. As demais regiões também apresentam cifras preocupantes: na África Subsaariana, 265 milhões de pessoas passam fome; na América Latina e no Caribe, 53 milhões; no Oriente Médio e norte da África, 42 milhões. O problema não é apenas realidade de países pobres ou em desenvolvimento. De acordo com a FAO, pelo menos 15 milhões de famintos vivem em nações desenvolvidas.

Para padre Nelito, a fome é fruto de vários fatores, como estruturais, políticos, econômicos, climáticos e até culturais e atinge, principalmente, as pessoas pobres. “A fome é resultado de um modelo político, econômico e tecnológico baseado no lucro, no poder e na eficiência, o que gera a vulnerabilidade alimentar”, comenta.

De acordo com ele, o alimento é visto como mercadoria e controlado por grandes empresas transnacionais. “Estamos perdendo a soberania e a segurança alimentar”, afirma. Para ele, existem alternativas que podem superar essa situação e combater a fome, como a solidariedade cristã e o investimento na agricultura familiar.

O secretário do Mutirão destaca, por exemplo, duas campanhas que ocorrem no Brasil. Uma, segundo ele, é para que o Governo destine à Economia Popular Solidária a mesma atenção e o mesmo investimento dado ao agronegócio. A outra é a Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade de Terra.

Padre Nelito explica que na semana do dia 7 de setembro a sociedade brasileira estará convidada a ir às urnas para dizer se é a favor ou contra o limite de propriedade de terras brasileiras em 35 módulos fiscais. “Queremos frear a estrangeirização das terras e colocar um limite nos latifúndios para iniciar uma Reforma Agrária no país que contemple a agricultura familiar, que é quem produz alimento para os brasileiros”, enfatiza.

Um bilhão de famintos

A campanha consiste em uma petição on-line que pede uma atitude dos governos para a erradicação da fome no planeta. Tendo como símbolo um apito amarelo, a intenção é também sensibilizar e encorajar as pessoas “apitar” contra a fome. Até agora, a ação já conta com 167.873 assinaturas, sendo que 7.765 foram de pessoas que estão no Brasil.

Para participar da campanha, basta firmar a petição on-line com nome, e-mail, cidade e país. Os interessados podem ainda divulgar a campanha para os amigos e observar quantos deles aderiram à ação.

Mais informações estão disponíveis em: http://www.1billionhungry.org

* Jornalista da Adital

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=49259

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