terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mapuches ocupam rádio para pedir fim da censura sobre greve de fome


Mapuches ocupam rádio para pedir fim da censura sobre greve de fome

Tatiana Félix *

Adital -
Na manhã desta segunda-feira (23), representantes dos mapuches fizeram uma ocupação pacífica das dependências da emissora de rádio Bio Bio, em Santiago, no Chile, com o objetivo de pedir o fim da censura dos meios de comunicação, no que diz respeito à greve de fome dos presos políticos mapuches.

Em comunicado, a Nação Mapuche Ta Inchin explicou que a idéia é pedir à todos os meios de comunicação do país que respeitem o livre direito à informação e que parem de ocultar informações sobre a greve de fome e as reivindicações dos mapuches.

Há mais de 40 dias, 33 presos políticos mapuches iniciaram uma greve de fome com a finalidade de protestar contra a aplicação da lei antiterrorista e pedir a desmilitarização das comunidades em conflito. Além disso, os grevistas também pedem o fim do duplo processamento da justiça civil e militar e a liberdade de todos os presos políticos mapuches.

A Nação Mapuche reivindica ainda a devolução imediata e integral do território ancestral deste povo, a autonomia e a livre determinação dos territórios, a expulsão imediata das empresas nacionais e transnacionais em terras mapuches e a condenação dos assassinos Matías Catrileo e Jaime Mendonza Collio. "Desafiamos o Estado do Chile a dar resposta urgente às nossas petições", disseram.

No último sábado (21), os presos políticos em greve divulgaram uma carta, através da Organização Mapuche Meli Wixan Mapu, onde convidam a população à apoiarem seu movimento nesta luta social contra a crueldade do capitalismo e lembram que em 2014 muitos candidatos políticos estarão pedindo votos.

"Estamos presos porque temos razão, sempre a tivemos e da mesma maneira que temos direito à vida, também temos direito à morte. O direito supremo a decidir conscientemente o que fazer com nossos corpos neste conflito interminável", ressaltam.

"Nossa vida vale menos que uma casa, todas nossas vidas juntas, têm menos importância que um caminhão de fumaça, o futuro da gente pobre se taxa no Banco Mundial e no FMI. Assim disseram os que seguem rindo de nós, ao elevar a pena de Walter Ramírez a "três anos". Nós seguimos gritando o contrário, absolutamente, todo o contrário", apelam.

Eles dizem ainda que até agora nenhum governo tratou seriamente das demandas históricas do povo mapuche e que "a solução mais diplomática sempre foi a técnica do "remendo" e a militarização do nosso território".

* Jornalista da Adital