sábado, 21 de agosto de 2010

Sedentarismo


Sedentarismo

Pra. Sandra Mara Oliveira (Congregação Judaico-Messiânica Netiviah/Rechovot)

Conceito

Fixo, preso a um lugar. Pouco movimento, que não obriga a caminhar.

Causas do Sedentarismo

Riquezas materiais – O profeta Miquéias denuncia com clareza a amarga realidade dos abusos sociais e morais em decorrência do acúmulo de bens, possessões e propriedades.

“Ai daqueles que nas suas camas intentam a iniqüidade e maquinam o mal! À luz da alva o praticam porque está no poder da sua mão. Cobiçam campos, e os arrebatam, e casas, e as tomam. Assim fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança”. (Mq 2:1-2)

Uma vida de muitos bens materiais causa sedentarismo. É também tendenciosa, ou seja, denuncia uma intenção secreta, uma idéia pré-concebida – egoísmo humano – podendo tornar-nos imundos moralmente; as muitas riquezas sempre nos levam a oprimir os mais fracos.

Vejamos a denúncia do profeta Isaías no capítulo um, nos versos de dez a dezoito:

"Ouvi a palavra do Eterno, vós príncipes de Sodoma; dai ouvidos à lei de nosso D’us, vós, ó povo de Gomorra. De que me serve a multidão dos vossos sacrifícios? Diz o Eterno. Já estou farto dos holocaustos de carneiro, e da gordura de animais cevados; não folgo com o sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes à minha presença, quem requereu isto das vossas mãos, que viésseis pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs! O incenso é para mim abominação, e também as luas novas, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniqüidade, nem o ajuntamento solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece. Já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço. As vossas mãos estão cheias de sangue; lavai-vos, e purificai-vos. Tirai a maldade dos vossos atos de diante dos meus olhos! Cessai de fazer o mal, e aprendei a fazer o bem! Praticai o que é reto, ajudai o oprimido. Fazei justiça ao órfão, tratai da causa das viúvas. Vinde então, e argüi-me, diz o Eterno; Ainda que vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve.” (Is 1:10-18)


O profeta Miquéias aconselha levantar e andar; deixar todo sedentarismo e o desejo intenso de acúmulo de bens, porque, aqui neste mundo não teremos o descanso que almejamos.

“Levantai-vos e andai! Porque não é aqui o vosso descanso, por causa da imundícia que traz destruição enorme.” (Mq 2:10)

As injustiças sociais e as obras da carne tais como: prostituição, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizade, ciúme, ira, peleja, dissensão, facção, inveja e bebedice, nos tornam imundos espiritualmente, diz o profeta; traz destruição, porque a ira de D’us produz total ruína.

É importante lembrar que ainda não possuímos a pátria celestial, a herança espiritual que o Eterno nos promete em Sua palavra. Nesta terra somos apenas peregrinos e forasteiros, não devendo aceitar, por isso, uma vida sedentária.

O exemplo de Jacó

O Eterno criou todo conflito entre José e seus irmãos na intenção de remover Jacó do sedentarismo.

“Jacó habitou na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.” (Bereshit / Gn. 37:1)

No texto original encontramos: “Jacob permanece habitando a terra das residências de seu pai, a terra de Kena-âu Yashab.”

O verbo permanecer no versículo acima, indica certo grau de estabilização e sedentarismo de Jacó em seu país. O Eterno usará seu filho preferido José para removê-lo de um local fixo, seu país de origem, obrigando-o a caminhar. O objetivo é fazer cumprir as promessas do Eterno a Abraão e toda sua descendência.

O Espírito Santo denuncia: O problema está em nossa falta de memorização. Não conseguimos lembrar ou mesmo guardar que estamos aqui de passagem; somos estrangeiros e peregrinos, nos encontramos sempre em situações muito precárias; somos aceitos nesse mundo, mas sem direitos estabelecidos.

O exemplo do Patriarca Abraão

“Peregrino e morador sou entre vós; dai-me posse de um terreno para sepultura, entre vós, e enterrarei minha morta que está diante de mim.” (Bereshit / Gn.23:4)


Memória vem a ser a faculdade que possuímos de registrar ou reter sinais e ensinos. Se a denúncia é a falta de memorização, podemos entender que não estamos conseguindo reter os ensinos espirituais, ou seja, estamos esquecendo o que já aprendemos.

A falta de memória pode ocorrer sob dois aspectos:

Inadvertência: falta de atenção, distração, irreflexão.

Negligência: falta não intencional daquele que se omite no cumprimento de um ato que lhe foi determinado.

Abandonamos os ensinos, deixando-os de lado por falta de consideração, e de reconhecimento. É importante lembrar que a motivação de nosso trabalho, não deve estar centrada no acúmulo de riquezas, na satisfação de nossos desejos ou na busca da elevação de nosso ego. Precisamos colocar em prática, o que aprendemos com os ensinamentos de Yeshua HaMashiach, Jesus o Messias.

“Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará, porque D’us, o Pai, o marcou com Seu selo”. (Jo 6:27)

Advertências da Torá – os cinco primeiros livros da Bíblia Sagrada:

Caso haja negligência as questões espirituais, o Eterno trará nossa iniqüidade à memória e nos fará lembrar.

“... então esse homem trará a sua mulher perante o sacerdote, e juntamente trará a sua oferta por ela; a décima parte de um efa de farinha de cevada, sobre a qual não deitará azeite, nem porá incenso, porque é oferta de cereais de ciúmes, oferta memorativa, que traz a iniqüidade em memória”. (Nm 5:15)

Trazer à memória nossas iniqüidades tem como objetivo a esperança de que possa haver arrependimento. Vejamos como a viúva de Sarepta tinha conhecimento da Torá a esse respeito:

“Depois destas coisas adoeceu o filho da mulher, da dona da casa. A sua doença se agravou tanto que ele parou de respirar. Disse ela a Elias: que tens contra mim, homem de D’us? Vieste a mim para trazeres à memória a minha iniqüidade, e matares a meu filho?”. (I Rs 17: 17-18)

O profeta Isaías traz à memória do povo de Judá os seus pecados, na esperança do arrependimento de alguns.

“Ouvi-me, ó casa de Jacó, e todo o restante da casa de Israel, vós a quem sustentei desde o ventre, e levei desde o nascimento. Até à vossa velhice eu serei o mesmo, e ainda até às cãs eu vos carregarei. Eu vos fiz, e eu vos levarei, e eu vos trarei, e eu vos guardarei. A quem me fareis semelhante, e com quem me igualareis? A quem me comparareis, para que sejamos semelhantes? Gastam o ouro da bolsa, e pesam a prata nas balanças; assalariam o ourives, e ele faz um deus, e diante dele se prostram, e se inclinam. Sobre os ombros o tomam, levam-no, e põem no seu lugar. Ali está, do seu lugar não se move. Se recorrerem a ele, resposta nenhuma dá, e a ninguém livra da sua tribulação. Lembrai-vos disto, considerai, trazei-o à memória, ó rebeldes. Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade; Eu Sou D’us, e não há outro; Eu Sou D’us, e não há outro semelhante a mim. Eu anuncio o fim desde o princípio, desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam. Eu digo: o Meu propósito subsistirá, e farei toda a minha vontade”. (Is 46:3-10)

Muitas vezes não conseguimos deter os ídolos, por causa da inveja (sentimento de cobiça à vista da felicidade e superioridade de outrem) que temos uns dos outros e até mesmo dos ímpios.

Os ensinamentos bíblicos mostram que a inveja dos irmãos de José foi devido a sua superioridade espiritual

“E Israel amava a José mais que a todos os seus filhos, porque filho da velhice era para ele; e fez-lhe túnica talar de várias cores com mangas compridas. E viram seus irmãos que seu pai amava mais a ele que a todos seus irmãos, e odiaram-no, e não podiam falar-lhe em paz”. (Bereshit / Gn 37:3-4)

A túnica talar (que desce até os calcanhares) de várias cores, cuja descrição vemos no Livro de Gênesis, no hebraico traduz-se por: Ketonét Passim (Alva Sagrada que vestia Arão e os sacerdotes do Templo em Jerusalém) em acadiano são os Pisanu – ornamentos caros, aplicados sobre as vestes; trajes usados pelos príncipes de Canaã.

Podemos concluir que o presente dado por Jacó a seu filho José, não era uma veste comum, mas sim, um Hábito Sacerdotal que consagrava a superioridade de José sobre seus demais irmãos.

Vejamos no Livro de Shemot (Ex):
“E estes são os vestidos que farão: peitoral, efod, manto, túnica com cavidades, tiara e cinto; e farão vestidos de santidade para Aarão, teu irmão, e para seus filhos, para servir-me.” ( Shemot / Ex 28:4)

“E aos filhos de Aarão farás túnicas; e lhes farás cintos e mitras, para glória e para formosura.” (Shemot / Ex 28:40)

“E a seus filhos farás chegar e os farás vestir as túnicas.” (Shemot / Ex 29:8)


Confira em Vayicrá (Lv):
“E pôs sobre ele a túnica, cingiu-o com cinto, o vestiu com o manto e pôs sobre ele o efod; e cingiu-o com o cinto de adorno do efod e ornou-o com ele.” (Vayicrá / Lv 8:7)

“E fez chegar Moisés aos filhos de Aarão, e fez-lhes vestir túnicas, cingiu-os com cintos e amarrou-lhes as tiaras, como ordenou o Eterno a Moisés.” (Vayicrá / Lv 8:13)

No Livro de Cânticos dos Cânticos, no capítulo cinco, versos de dois a oito, podemos observar a veste Sagrada – Ketonét Passim – da Sulamita.

“Eu dormia, mas o meu coração velava. Ouvi! A voz do meu amado, que está batendo: Abre-me, minha irmã, amada minha, pomba minha, minha imaculada. A minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. Já despi a minha túnica; como os tornarei a sujar? O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor dele. Eu me levantei para abrir ao meu amado, e as minhas mãos destilavam mirra, os meus dedos gotejavam mirra sobre a maçaneta da fechadura. Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado se tinha retirado, e se tinha ido; a minha alma se derreteu quando antes ele me falou; busquei-o e não o achei. Chamei-o, mas ele não me respondeu. Acharam-me os guardas que rondavam pela cidade. Espancaram-me e me feriram; tiraram-me o manto os guardas dos muros. Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se achardes o meu amado, que lhe digais que estou enferma de amor.” (Ct 5:2-8)

Estudando os textos bíblicos acima, vemos com clareza que a inveja foi a principal razão de todo ciúme dos irmãos de José. Na medida em que seus sonhos eram revelados e recebidos como reais, avançavam as chances da concretização dos mesmos.

“E viram seus irmãos que seu pai amava mais a ele que a todos seus irmãos, e odiaram-no, e não podiam falar-lhe em paz. E teve José um sonho, e anunciou-o a seus irmãos; e passaram a odiá-lo mais. E disse a eles: escutai, rogo, o sonho que tive: e eis que nós estávamos atando feixes no campo, e eis que se levantava meu feixe e ficava em pé, e eis que o rodeavam vossos feixes, e prostravam-se diante do meu feixe. E disseram-lhe seus irmãos: será que reinarás sobre nós, ou terás domínio sobre nós? E passaram a odiá-lo ainda mais, por seus sonhos e por suas palavras. E sonhou ainda outro sonho, e contou a seus irmãos, e disse: eis que sonhei outro sonho, e eis que o sol e a lua e onze estrelas se prostravam diante de mim. E contou a seu pai e seus irmãos. E repreendeu-lhe seu pai, e disse-lhe: que sonho é este que tiveste? Viremos pois, eu e tua mãe, e teus irmãos, a prostrar-nos na terra perante ti? E invejaram-no seus irmãos, e seu pai esperou o fato”. (Bereshit / Gn 37:4-11)

Mediante os fatos, a decisão é tomada: a conspiração para matar José é traçada com o objetivo de impedir a concretização dos objetivos espirituais.

“E viram-no de longe, e antes que chegasse a eles, tramaram matá-lo”. (Bereshit / Gn, 37:18)

Inveja é um sentimento com procedência maligna. Não existe inveja santa, como popularmente ouvimos falar. Todo aquele que cobiça o que não é seu, inveja. Faz campanhas de perseguição contra suas vítimas, que na maioria das vezes, não têm qualquer culpa por despertar tal sentimento ao invejoso. Em geral são mal sucedidos e compensam seu fracasso rebaixando e criticando os bem sucedidos. Buscam sempre trazer a glória para si.

O salmista declara:

“A transgressão fala ao ímpio no íntimo do seu coração; não há temor de D’us perante os seus olhos. Pois em seus próprios olhos se lisonjeia, e diz que a sua iniqüidade não há de ser descoberta nem detestada.” (Sl 36:1-2)

O verbo lisonjear, empregado no versículo acima, pode também significar: elogio para obter estima ou prestígio; louvor a si mesmo com interesse.

A inveja penetra no indivíduo através dos olhos, eleva o ego e traz a glória para si; depois o invejoso julga, diz a Palavra de D’us.

“... e diz que a sua iniqüidade não há de ser descoberta nem detestada”. (Sl 36:2b)

Diante desse comportamento, o invejoso dá início às campanhas de perseguição às suas vítimas.

“As palavras da sua boca são malícia e engano; deixou de entender e de fazer o bem.” (Sl 36:3)

Seus pensamentos são forjados na cama, contra D’us e contra seu próximo.

“Maquina o mal na sua cama; detém-se em caminho que não é bom, e não odeia o mal.” (Sl 36:4)

O invejoso geralmente blasfema contra o Eterno, atribuindo-lhe culpa por não ser bem sucedido.

Biblicamente podemos exemplificar este ensinamento com o Salmo 73, Salmo de Asafe:

“Verdadeiramente bom é D’us para com Israel, para com os limpos de coração. Quanto a mim, os meus pés quase se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos. Pois eu tive inveja dos soberbos, ao ver a prosperidade dos ímpios. Não há apertos na sua morte; o seu corpo é forte e sadio. São livres das tribulações dos mortais; não são afligidos pelos males humanos. Portanto, a soberba lhes cinge o pescoço como um colar; vestem-se de violência como de um adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; não têm limite as imaginações do seu coração. Zombam, e falam com malícia; na sua arrogância ameaçam com opressão. Erguem a boca contra os céus, e a sua língua percorre a terra. Pelo que o seu povo volta a eles, e bebe águas em abundância. Dizem: como o sabe D’us? Ou há conhecimento no Altíssimo? São assim os ímpios; sempre em segurança, e as suas riquezas aumentam. Na verdade que em vão purifiquei o meu coração; em vão lavei as minhas mãos na inocência. O dia todo sou afligido; sou castigado cada manhã. Se eu tivesse dito: falarei assim; teria traído a geração de teus filhos. Quando tentei compreender isto, fiquei sobremodo perturbado, até que entrei no santuário de D’us; então entendi o fim deles. Certamente Tu os pões em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição. Quão repentinamente são destruídos, totalmente consumidos de terrores! Como faz com um sonho o que acorda, assim, ó Eterno, quando acordares os desprezarás como fantasias. Quando o meu coração se amargurou, e senti picadas nos meus rins, estava embrutecido, e nada sabia; era como um animal perante Ti. Todavia estou de contínuo contigo; Tu me seguras pela minha mão direita. Guias-me com o Teu conselho, e depois me receberás na glória. A quem tenho eu no céu, senão a Ti? E na terra não há quem eu deseje além de Ti. A minha carne e o meu coração desfalecem, mas D’us é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre. Os que se distanciam de Ti perecerão; Tu destróis todos aqueles que Te são infiéis. Mas para mim, bom é aproximar-me de D’us. Pus o meu refúgio no Eterno D’us; anunciarei todas as obras.” (Sl:73)

O profeta Jeremias culpa o Eterno por causa da perseguição que seus irmãos empreenderam contra ele:

“Justo és, ó Eterno, ainda quando entro contigo num pleito. Contudo falarei contigo da Tua justiça: Por que prospera o caminho dos ímpios? Por que vivem em paz todos os que procedem perfidamente?” (Jr 12:1-2)

A perseguição ao profeta está descrita no livro de Jeremias. Vejamos:

“Porque o Eterno me fez saber a sua conspiração, eu o soube, pois nesse dia me fez ver as suas ações. Eu era como um manso cordeiro, que levam à matança; não sabia que tramavam projetos contra mim, dizendo: destruamos a árvore com o seu fruto; cortemo-lo da terra dos viventes, para que não haja mais memória do seu nome. Mas ó Senhor dos Exércitos, que julgas com retidão, que provas a mente e o coração, veja eu a Tua vingança sobre eles, pois a Ti descobri a minha causa.” (Jr 11:18-2o)

Amós denuncia os maus tratos aos nazireus e aos profetas:

“Dentre vossos filhos levantei profetas, e dentre os vossos jovens, nazireus. Não é isto assim, filhos de Israel? Diz o Eterno. Mas vós aos nazireus destes vinho a beber, e aos profetas ordenastes: não profetizeis.” (Am 2:11-12)

O profeta Malaquias adverte aos invejosos: não blasfemem contra o Eterno.

“As vossas palavras foram agressivas para mim, diz o Eterno. Mas vós dizeis: Que temos falado contra Ti? Vós dizeis: Inútil é servir a D’us. O que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos? Mas agora nós reputamos por bem-aventurados os soberbos. Os que cometem impiedade certamente prosperam, e até os que tentam ao Eterno escapam”. (Ml 3:13-15)

O homem quando se arrepende e pratica justiça, o Eterno ouve e abençoa.

“Quando eu também disser ao ímpio: Certamente morrerás; se ele se converter do seu pecado, e fizer juízo e justiça, restituindo esse ímpio o penhor, pagando o furtado, andando nos estatutos da vida, e não praticando iniqüidade, certamente viverá, não morrerá. De todos os seus pecados que cometeu não se fará memória contra ele; juízo e justiça fizeram; certamente viverá. Todavia, os filhos do Teu povo dizem: Não é reto o caminho do Eterno. Mas o próprio caminho deles é que não é reto. Desviando-se o justo da sua justiça, e praticando iniqüidade, morrerá nela. E convertendo-se o ímpio da sua impiedade, e fazendo juízo e justiça, viverá por isto mesmo. Todavia, vós dizeis: Não é reto o caminho do Eterno. Mas eu julgarei a cada um conforme os seus caminhos, ò casa de Israel.” (Ez 33:14-20)

Conferir: Malaquias capítulo três, versos dezesseis a dezoito.

“Então aqueles que temiam ao Eterno falaram uns aos outros, e o Eterno atentou e ouviu. Um memorial foi escrito diante dele, para os que temiam ao Eterno, e para os que se lembravam do seu nome. Eles serão meus, diz o Eterno dos Exércitos, minha possessão particular naquele dia que prepararei. Poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho, que o serve. Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a D’us e o que não serve.” (Ml 3:16-18)

A palavra ressentir, num sentido mais amplo quer dizer: tornar a sentir, ofender-se, magoar-se outra vez ou até mesmo sentir os efeitos de alguma coisa. A inveja, por sua vez, vem sempre acompanhada por algum tipo de ressentimento.

Transmutar significa: transformar um elemento químico em outro. Quando o indivíduo consegue disfarçar o ressentimento que sente, tendo zelo por algo ou alguém, entendemos esse comportamento como um processo de transmutação.

A inveja (no grego: zelo, ciúme) praticada sem controle pelo invejoso, combate sua vítima sem uma causa justa. Busca esconder-se agora, atrás de um falso zelo mudando somente a tática.

O zelo pode ser negativo ou positivo, porém a inveja é sempre negativa.

Zelo Negativo: A ação do Rei Saul contra os Gibeonitas, favoreceu a ira de D’us sobre Israel.

“Houve nos dias de Davi uma fome de três anos consecutivos. Consultou Davi o Eterno, e o Eterno lhe disse: É por causa de Saul e da sua casa sanguinária; porque matou os Gibeonitas. Chamaram o rei os Gibeonitas, e lhes falou (ora, os Gibeonitas não eram dos filhos de Israel, mas do restante dos Amorreus; os filhos de Israel lhes tinham jurado poupá-los, porém Saul procurou destruí-los no seu zelo pelos filhos de Israel e de Judá).” (2 Samuel 21:1-2)

O Apóstolo Paulo, na carta aos Romanos, testemunha que Israel tinha zelo de D’us, mas sem entendimento.

“Irmãos, o desejo do meu coração e a oração a D’us por Israel é para que se salvem. Pois lhes dou testemunho de que têm zelo de D’us, mas que não com entendimento. Visto que não conheceram a justiça de D’us, e procuraram estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à que vem de D’us. O fim da lei é Yeshua HaMashiach, Jesus o Messias, para justiça de todo aquele que crê”. (Rm 10:1-4)

Zelo Positivo: Podemos tomar como exemplo o Salmo 69:

“... pois o zelo da Tua casa me consome, e as injúrias dos que Te afrontam caem sobre mim”. (Sl 69:9)

A Bíblia Sagrada fala do Zelo Positivo em: I Co 12:31 e 2 Co 7:7, confira:

“Portanto, procurai com zelo os melhores dons. E agora eu vos mostrarei o caminho mais excelente.” (1 Co 12:31)

“... e não somente com a sua vinda, mas também pela consolação com que foi consolado de vós, contando-nos as vossas saudades, o vosso choro, o vosso zelo por mim, de maneira que muito me regozijei.” (2 Co 7:7)

A inveja é um vício e está associada ao ódio contra D’us e ao crime contra os homens. O invejoso na sua incapacidade de atacar o Criador, a quem considera causa do seu insucesso, ataca o seu semelhante.

“E viram-no de longe, e antes que se chegasse a eles, tramaram mata-lo. E disse cada um a seu irmão: Eis que aquele dono dos sonhos vem. E agora vinde, o mataremos e o jogaremos num dos poços e diremos: Um animal mau comeu. E veremos o que serão seus sonhos. E escutou Rubem, e livrou-o das mãos deles, e disse: Não o feriremos de morte. E disse-lhes Rubem: Não derrameis sangue! Jogai-o neste poço que está no deserto, e não ponhais mão nele; (isto disse) para livrá-lo de suas mãos, e devolvê-lo a seu pai. E foi quando veio José e seus irmãos, e tiraram de José sua túnica, a túnica talar, de várias cores que tinha sobre si. E tomaram-no, e jogaram-no ao poço, e o poço estava vazio; não havia água nele. E sentaram-se a comer pão. E levantaram os olhos e viram, e eis que uma caravana de Ismaelitas vinha de Guilad, e seus camelos levavam cera, bálsamo e goma odorífera, que iam baixar no Egito. E disse Judá a seus irmãos: Que proveito teremos matando a nosso irmão e ocultando seu sangue (morte)? Vamos e o venderemos aos Ismaelitas, e não poremos nossas mãos nele; pois ele é nosso irmão, nossa carne ele é. E escutaram seus irmãos. E passaram homens Midianitas, mercadores; e (os irmãos) puxaram e fizeram subir a José do poço; e venderam José aos Ismaelitas por vinte pratas. E levaram a José ao Egito. E voltou Rubem ao poço e eis que José não estava no poço, e rasgou suas roupas. E voltou a seus irmãos e disse: O menino não está; e eu, aonde vou? E tomaram a túnica de José e degolaram um cabrito e molharam a túnica no sangue. E enviaram a túnica talar, e trouxeram-na a seu pai, e disseram: Isto encontramos; reconhece, por favor, se a túnica é de teu filho ou não. E a reconheceu e disse: A túnica é de meu filho; algum mau animal o comeu. Devorado foi José! E rasgou Jacob suas roupas, e pôs um saco na cintura, e enlutou-se por seu filho muitos dias. E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas (noras) para consolá-lo; e recusou-se a ser consolado, e disse: Descerei enlutado por meu filho à sepultura! E chorou seu pai. E os Midianitas o venderam no Egito a Potifar, oficial da corte do Faraó, chefe dos verdugos.” (Bereshit / Gn, 37:18-36)

Yeshua foi vítima dessa inveja, diz a bíblia.

“Yeshua foi posto perante o governador, e este o interrogou, dizendo: És tu o Rei dos judeus? Respondeu-lhe Yeshua: Tu o dizes. E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Perguntou-lhe então Pilatos: Não ouves quantas acusações te fazem? Yeshua nem uma palavra lhe respondeu, de sorte que o governador estava muito admirado. Ora, por ocasião da festa, costumava o governador soltar um preso, escolhendo o povo aquele que quisesse. Tinham então um preso bem conhecido, chamado Barrabás. Portanto, estando eles reunidos, perguntou-lhes Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Yeshua, chamado Cristo? Pois sabia que por inveja o haviam entregado.” (Mt 27:11-18)

O indivíduo espiritualmente e materialmente bem sucedido, não pode abandonar seu sucesso somente para satisfazer os caprichos da pessoa invejosa.

A inveja apodrece os ossos:

“O coração tranqüilo é a vida da carne, mas a inveja é a podridão dos ossos”. (Pv 14:30)

A melhor maneira de evitar o invejoso é fugir dele:

“Cruel é o furor e impetuosa a ira, mas quem pode parar na presença da inveja?” (Pv 27:4)