quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Projeto estimula formação e inserção social de catadores em três estados


Projeto estimula formação e inserção social de catadores em três estados


Tatiana Félix *

Adital

É comum ver a presença dos catadores e catadoras de materiais recicláveis nas grandes cidades brasileiras. Apesar de promover um trabalho social e ambiental, este segmento costuma ser descriminalizado pela sociedade. Mas, foi com a proposta de reverter esta situação e promover a inclusão social dos catadores, que o Projeto Reciclando Vidas vem sendo desenvolvido, desde 2009, pela Cáritas Brasileira, em dez municípios, nos estados do Pará, Bahia e Maranhão.

O coordenador de projetos da Cáritas, Edinaldo Costa, explicou que o objetivo do programa é contribuir com a melhoria no aumento da renda dos catadores e também estimular a mobilização política deste segmento. "É um trabalho de reconhecimento deste grupo. É a inserção social e econômica deles na sociedade", detalhou.

Para tirar o sustento de suas famílias, através do lixo produzido pela população, os catadores enfrentam chuva, sol e trânsito exercendo o papel de agentes ambientais, que aos poucos, vem sendo reconhecido no país. Mesmo assim, a falta de reconhecimento e o preconceito ainda rondam estas pessoas.

Mas, segundo Edinaldo, uma das propostas do projeto é também a de questionar como a sociedade vê o processo e o destino dos resíduos sólidos e o papel dos catadores diante desta questão, a fim de obter este reconhecimento. "Uma discussão que fazemos é em relação à sensibilização da sociedade quanto à presença dos catadores, a gestão do lixo que a cidade produz. Como a cidade pensa controlar a gestão dos resíduos sólidos?", refletiu.

"As pessoas, geralmente, associam a catação à um bico, mas este trabalho é necessário, porque beneficia o meio ambiente", ressaltou. De acordo com ele, é possível sim viver da catação, e para isso, o programa estimula a atividade de forma mais segura e sem intervenção do atravessador.

Segundo ele, os participantes do projeto passam por atividades de formação para fins de organização do trabalho coletivo. Neste segundo ano do projeto, Edinaldo explicou que o foco é estimular a criação de associações e cooperativas.

"Com a participação deles percebemos uma elevação da autoestima, o resgate do sujeito de direito e a humanidade perdida e violada", avaliou Edinaldo. Ele informou que o Reciclando Vidas está atendendo, diretamente, 230 catadores nos três estados. A proposta é chegar aos 300 até o final do programa em 2011.

Para o coordenador, a existência de um movimento nacional de catadores tem ajudado na inserção social e econômica do segmento. Da mesma forma, já é possível ver a criação de políticas públicas em benefício dos catadores. "Há um despertar e uma sensibilização, uma outra forma de agir em relação aos catadores", enfatizou.

Ele finalizou dizendo que um dos desafios do projeto é fortalecer as políticas públicas e estimular a qualificação de gestores públicos no sentido de prepará-los para a criação de programas ambientais, que foquem na gestão dos resíduos sólidos e nos lixões.

Mais informações pelo site: http://www.caritas.org.br/artigos.php?id=144&filtro=0 ou pelo telefone (61) 3214-5400.



* Jornalista da Adital