Pesquisa busca entender a origem e evolução do povo Kulina
A pesquisa um dos trabalhos apresentados durante o 19 Congresso de Iniciação Científica da Ufam, que aconteceu entre os dias 16 e 20 de agosto, em Manaus.
Para tentar entender melhor a origem e evolução do povo Kulina, um estudo realizado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) buscou contar a história do povo, destacando seus registros e etnografias.
A pesquisa foi realizada pela estudante do curso de Ciências Sociais Liliane Souza de Souza, e foi um dos trabalhos apresentados durante o 19 Congresso de Iniciação Científica da Ufam, que aconteceu entre os dias 16 e 20 de agosto, em Manaus.
Com o título “A presença Kulina no Sudoeste Amazônico: registros e etnografias”, a pesquisa foi realizada no período de agosto de 2009 a agosto de 2010 e contou com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas, que consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.
Os Kulina pertencem à família Arawá e vivem entre as bacias dos rios Purus e Juruá, no Estado do Amazonas.
Resultados
De acordo com a estudante Liliane Souza, a pesquisa buscou refletir sobre o processo migratório, para entender a repercussão desse processo na história e na organização socioespacial do povo Kulina atual.
“O nosso objetivo foi identificar a mobilidade do povo Kulina a partir da produção etnográfica e de 21 microfilmes do Serviço de Proteção aos Índios (SPI)”, revelou.
Segundo ela, a pesquisa, que contou com a orientação do professor doutor Carlos Machado Dias Júnior, identificou que, durante o processo de mobilidade, ocorreram grandes agentes estimuladores.
“Um deles foi o próprio SPI, que teve o objetivo de atrair os índios para certas zonas produtivas fomentando neles uma vida sedentária fundada nas atividades agrícolas. O outro foi a figura dos seringalistas, que expropriavam os índios de suas terras caso elas se apresentassem férteis e produtivas ao Sistema de Aviamento”, revelou.
De acordo com Souza, num primeiro momento a mobilidade Kulina teve uma natureza exógena, ou seja, foi provocada por ações externas, o que ocasionou a atual ocupação de terras Kulina nos rios Purus e Juruá, nos Estados do Acre e Amazonas e no país vizinho Peru.
“Percebemos, também, a partir das bibliografias, que os Kulina passaram a migrar por motivos endógenos, por exemplo, a viagem dos xamãs do Alto Purus quando vão realizar rituais de Kulina nas aldeias do Juruá, quando nestas, não há a presença de xamãs”, revelou.
Foco Histórico
De acordo com a estudante, para a realização do estudo foram feitas pesquisas bibliográficas em teses, dissertações, relatórios e investigações em arquivos do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e do Instituto Histórico e Geográfico do Amazonas (IGHA) e, a partir daí, foram realizadas transcrições, análise e sistematização dos dados coletados.
“Por ser uma pesquisa com um foco histórico, este foi o método mais viável, mas a escolha pelos microfilmes do SPI se deu pelo fato de que o material representa um arquivo riquíssimo e que, até então, era um arquivo inexplorado”, justificou.
Congresso de Iniciação Científica
As atividades do 19 Congresso de Iniciação Científica (Conic) foram encerradas sexta-feira, 20/08, na Ufam. O evento reuniu a comunidade universitária, jovens pesquisadores e seus orientadores e o grande público para a divulgação dos trabalhos de iniciação científica realizados no período de 2009 a 2010.
O programa é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Durante o evento foram realizadas sessões de avaliação oral final, nas áreas de Saúde, Biológicas, Exatas, Humanas, Sociais Aplicadas e Agrárias.
http://pib.socioambiental.org/pt/noticias?id=90901
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