sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Juiz cobra denúncia do MPF em operação para investigar parentes de José Sarney

Segundo Ney Bello, seis juízes já despacharam nos inquéritos que tramitam há cinco anos, mas até o momento os investigados não foram acusados formalmente

O juiz federal Ney Bello cobrou do Ministério Público Federal (MPF) o oferecimento da denúncia contra os investigados nos cinco inquéritos que compõem a Operação Boi Barrica (rebatizada de Faktor), que investiga a atuação de integrantes da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Titular da 1.ª Vara Criminal da Justiça Federal, em São Luís, no Maranhão, Bello é o responsável pela tramitação dos inquéritos.

Segundo ele, seis juízes já despacharam nos inquéritos que tramitam há cinco anos, mas até o momento os investigados não foram acusados formalmente. Bello também observou que e as investigações continuam sendo feitas pelo MPF e pela Polícia Federal.

— Esperamos que o Ministério Público tome a decisão de pedir o arquivamento para os fatos que mereçam e ofereça denúncia quando couber — disse Bello.

O juiz foi cauteloso ao falar sobre o assunto e argumentou que ainda não havia recebido os documentos com a decisão da 6.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que anulou provas da operação com base em interceptações que haviam sido autorizadas em sua vara criminal.

— Na verdade, a decisão de autorizar a quebra dos sigilos foi tomada por um juiz substituto e diz respeito à quebra de sigilo de e-mail. Só chegou um telex (informando) que houve o julgamento, mas ainda não recebemos a documentação. Precisamos conhecer os limites objetivos e subjetivos da decisão — afirmou na última terça-feira, ao atender a reportagem.

Evitando transparecer qualquer traço de resistência à decisão tomada pelo STJ, o juiz completou:

— Este processo é complexo e tem várias provas. ê preciso verificar que provas foram anuladas. As provas que foram anuladas serão retiradas do processo e o que foi considerado válido será mantido.

Bello é neto mais velho de um ex-governador do Maranhão, Newton Bello, e professor de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e do Instituto de Direito Penal (IDP), de Brasília. Veterano em processos polêmicos, ele atuou em casos como o da CPI de cargas roubadas e do narcotráfico que resultaram na cassação e condenação na Justiça estadual de dois deputados estaduais maranhenses no final dos anos 1990.

AGÊNCIA ESTADO

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Pol%C3%ADtica&newsID=a3497389.xml