Até agora os políticos ligados aos movimentos sociais e a causa da reforma agrária estão calados. Parece que tomaram puxão de orelha para deixar a Veracel em paz. Ninguém se manifestou contra a nota da multinacional. Não há nada que justifique a notícia divulgada pela Veracel Celulose de que pessoas estariam “aliciando” trabalhadores para invadir suas terras.

A empresa está criando um clima de tensão entre os trabalhadores rurais sem terras, divulgando na imprensa denúncias desprovida de provas ou de nomes dos supostos criminosos.

A tentativa de criminalizar o movimento social de agricultores familiares que lutam para recuperar terras provavelmente públicas, adquiridas pelo agronegócio é, no mínimo, indecente.

Questionada pelo Imprensa Livre, a empresa disse que tomou as providências junto a polícia sobre o caso. Como sempre, prefere a fumaça do que a transparência. Não informa absolutamente nada, não dá nomes, nem fatos. Na detenção de um ex-prefeito da região, acusado de roubar madeira da Veracel foi a mesma coisa e o caso foi abafado. Nenhum nome na mídia, nenhuma ocorrência registrada, nada.

A Veracel recuou depois de ameaças do ex-prefeito.

Mas o que será que está por trás da divulgação de uma notícia que deixa ainda mais tenso o clima entre os agricultores?

Querem desqualificar o MST, a Fetag, o MLT? Os políticos ligados a esses movimentos?

Com o licenciamento ambiental para duplicação da fábrica praticamente garantido (depois do aval do governador Jaques Wagner), a Veracel não precisa humilhar os trabalhadores sem terras desse jeito.

Devia era ter menos ganância e doar um pedaço de terra (que não lhe faz falta) para esfriar o caldeirão do conflito.

Geraldinho Alves – editor

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