Marcos Itiberê foge da prisão em Vila Velha-ES na noite desta sexta-feira
Marcos Itiberê, condenado a 43 anos de prisão, fugiu na noite desta sexta-feira do Instituto de Readaptação Social (IRS), em Vila Velha. Segundo informações da assessoria da Secretaria de Justiça, a fuga aconteceu às 21h30. Ele estava condenado a regime fechado pelo assassinato dos dois filhos. Por uma decisão judicial, em 2009, ele conseguiu a transferência do presídio de segurança máxima de Viana para o IRS, de regime semi-aberto.
O crime teve grande repercussão no Estado porque Marcos, que é filho do procurador de Justiça Carlos Itiberê, escondeu os corpos das crianças no closet do seu apartamento enrolados em colchões. Ele ainda cimentou o local para evitar que o mau cheiro provocado pela decomposição dos corpos exalasse. Marcos matou os filhos com pancadas na cabeça e tiros.
O secretário de Estado da Justiça, Ângelo Roncalli de Ramos Barros, informou que o detento Marcos Itiberê Rodrigues de Castro Caiado estava no Instituto de Readaptação Social (IRS), na Glória, em Vila Velha, desde setembro de 2009. Ele cumpria pena em regime fechado na Penitenciária de Segurança Máxima I, em Viana e foi transferido para o IRS devido a uma decisão judicial.
Quando os agentes do IRS perceberam a fuga solicitaram reforço e agentes da Diretoria de Inteligência da Sejus e policiais militares realizaram buscas na região durante toda a madrugada, mas, o preso ainda não foi recapturado.
Itiberê conseguiu fugir após serrar uma grade da cela onde estava e pular a muralha da unidade prisional com o auxílio de uma "teresa" (corda artesanal feita com lençois). A Corregedoria da Sejus está ouvindo os servidores que estavam no IRS, nesta sexta-feira, para apurar as circunstâncias do fato.
Defesa
Marco Antônio Gomes, advogado de Marcos Itibirê, disse neste sábado pela manhã que a fuga é mais um surto do cliente, mostrando sua fragilidade mental.
Lembre do caso
Marcos Itiberê Rodrigues de Castro Caiado, que confessou ter assassinado os dois filhos em 2000 com tiros e golpes na cabeça, foi condenado a 43 anos e seis meses de prisão, em regime fechado e penitenciária comum. A sentença foi lida pelo juiz da 4º Vara Criminal de Vila Velha, Vladson Couto Bittencourt, na madrugada do dia 16 de outubro de 2003. Ao todo, 150 pessoas puderam assistir o julgamento. Ele também foi acusado de matar, com um tiro no peito, o comerciante Marco Antônio Pedrini de Souza, 41 anos, que tentou impedir que sua ex-mulher, Jânea Carla Colnago, então esposa do criminoso, fosse agredida. O assassinato do comerciante aconteceu em 15 de outubro de 1999.
Apesar de ter permanecido emocionalmente controlada durante todo o julgamento, Jânia Colnago, mãe das duas crianças mortas pelo próprio pai, não conteve a emoção no momento da sentença. Emocionada, Jânia chorou durante toda a leitura da decisão tomada pelo júri popular.
Apesar de ter alegado que Itiberê possui problemas mentais, a defesa não conseguiu convencer o júri popular a tomar a decisão de mandar o réu para o Manicômio Judiciário, que concordou com a alegação do Ministério Público Estadual de que Marcos Itiberê é portador de transtorno de personalidade, desprovido de conceitos morais e éticos e sendo capaz de praticar crimes, mas, mesmo assim, tem plenas condições de ser responsabilizado criminalmente pelos seus atos.
Após a leitura de depoimentos feitos por Itiberê à Justiça, o juiz questionou o réu sobre os detalhes do assassinato. Marcos respondeu parcialmente às perguntas e negou que teria premeditado o crime, mas confirmou que matou as crianças com um revólver calibre 38. Marcos Itiberê disse ainda que não lembrava qual dos dois filhos teria sido morto primeiro.
A mãe das duas crianças assassinadas por Marcos Itiberê, Jânea Colnago, foi a primeira e única testemunha de acusação do caso. O interrogatório de Jânea começou assim que terminou a leitura de várias peças processuais que foram solicitadas pelos assistentes de acusação.
Depois do depoimento da mãe das crianças, foi a vez de um médico psiquiatra, testemunha de defesa, ser ouvido pelo juiz. Ele ressaltou que atendeu Itiberê em 1999, antes do assassinato dos filhos, e que, naquela época, recomendou apenas atendimento ambulatorial. O médico, em depoimento, destacou que Marcos Itiberê possui transtorno de personalidade, mas não havia necessidade de internação em um manicômio. O psiquiatra explicou que Itiberê não era paciente em estado grave, mas estava no limite aceito pela medicina psiquiátrica.
O segundo depoimento do julgamento em 2003, pedido pelos advogados de defesa, foi o de um diretor do manicômio judiciário. Ele afirmou que Itiberê tem transtorno de personalidade, é desprovido de conceitos morais e éticos e é capaz de praticar crimes. Mas, mesmo assim, pode ser responsável pelos seus atos.
O diretor afirmou que já conversou com Itiberê várias vezes, embora o réu confesso tenha negado essas conversas. Na época do crime, o diretor do manicômio judiciário considerou Marcos Itiberê completamente imputável, ou seja, pode ser responsabilizado pelo crime.
O crime
Gabriela Colnago de Castro Caiado, sete anos, e Marcos Itiberê Rodrigues de Castro Caiado Filho, nove anos, foram mortos com pancadas na cabeça e com tiros, após serem seqüestrados pelo pai no dia 3 de maio de 2000. Por vários dias, a família e a polícia procuraram pelas crianças. Porém, elas foram encontradas mortas cerca de 11 dias depois do seqüestro, num apartamento ocupado por Itiberê. Moradores do edifício, localizado em Vila Velha, avisaram à polícia sobre o mau cheiro que exalava do apartamento. Os corpos, já em estado de putrefação, estavam enrolados em colchões e cobertores, dentro do closet da suíte.
http://www.transparenciacapixaba.org.br/noticia-detalhe.aspx?idNot=MARCOS+ITIBERE+FOGE+DA+PRISAO+EM+VILA+VELHA+NA+NOITE+DESTA+SEXTA-FEIRA
ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL, SEM FINS LUCRATIVOS, FILANTRÓPICA E TOTALMENTE VOLTADA PARA A PRÁTICA DE OBRAS ASSISTENCIAIS DE SOCORRO AOS MENOS FAVORECIDOS, SEM QUALQUER TIPO DE DISCRIMINAÇÃO OU PRECONCEITO.